Comandos de voz nos automóveis
Comando por voz chegou ao automóvel de forma meio capenga. A novidade era interessante porque proporcionava uma forma mais natural de acessar funções, sem provocar distrações, desviar os olhos do caminho à frente e, portanto, com potencialidade de evitar acidentes.
Entretanto, o sistema apresentava falhas. Além de se limitar a frases exatas, o reconhecimento de voz muitas vezes deixava a desejar. Era motivo de constante reclamação de motoristas nos EUA, onde a novidade começou a se expandir.
No primeiro momento…
Em um primeiro momento parecia fácil a solução. Bastaria reposicionar o microfone, porém isso desagradou os proprietários de carros que já tinham problemas, pois quase sempre a adaptação não era possível. As centrais multimídia precisavam também de reformulação e assim se adiava o problema para o ano-modelo seguinte. Mas sempre permaneciam limitações à necessária intuitividade.
As coisas mudaram graças aos avanços recentes de empresas de informática. Segundo Kristin Kolodge, em relatório da J.D. Power que acaba de ser publicado nos EUA, “os dispositivos de reconhecimento de voz rapidamente transformaram-se na tecnologia que se espalha por toda a indústria e alcançou mais inovações nos últimos três anos do que nos últimos 30”.
Assistentes pessoais virtuais
Tudo graças aos assistentes pessoais virtuais introduzidos em casas e escritórios. Amazon Echo e Google Home tendem a cair no gosto por seu desempenho prático e confiável. Originalmente desenvolvidos para receber instruções verbais e regular a distância termostatos, acionar interruptores de luz, ativar sistemas de segurança, abrir e fechar portas de garagens, logo encontram aplicações em veículos para chamadas telefônicas, recebimento e envio de mensagens, instruções de navegação, buscas de pontos de interesse e controles de climatização. Sem falhas, sem complicações.
Apesar de 28% dos consumidores, em pesquisa daquela consultoria, se declararem de alguma forma interessados ou muito interessados em utilizar em seus carros os sistemas originalmente desenvolvidos para fins domésticos, ainda há algumas dúvidas. Os céticos acreditam que o custo para se manter conectado é alto, há possibilidade de hackers descobrirem vulnerabilidades e que o motorista também pode se distrair ao usar comandos de voz. Sugerem até perda de privacidade sobre informações coletadas.
Entretanto, mais modelos estão sendo oferecidos com estes novos recursos e há tendência clara de crescimento nos próximos anos. Compradores continuam bem interessados em conectividade, em especial na faixa de 18 a 34 anos.
Como administrar as opções
Para a indústria automobilística resta descobrir como administrar as duas opções agora em uso. Intenção é evitar problemas iniciais ocorridos quando o espelhamento de telefones celulares não era simultaneamente compatível com as centrais de multimídia. Android Auto ou Car Play funcionavam em alguns modelos e em outros, não. Hoje são dois sistemas consagrados de comandos por voz, porém podem vir outros.
Livrar-se de botões, teclas, comandos manuais e sua distribuição desarmonizada entre os fabricantes de veículos são bons efeitos colaterais das novas tecnologias.
Roda viva
MERCADO continua ruim, mas é preciso avaliar os números de fevereiro dessazonalizados: mês curto e Carnaval. Referência melhor continua sendo a comparação de vendas diárias. E fevereiro apontou crescimento não desprezível de quase 13% em relação a janeiro deste ano. Sobre uma base baixa é fácil crescer, certo. Contudo, pessimismo irracional não ajuda em nada.
CONCRETIZADA
a venda pela GM de sua subsidiária europeia Opel/Vauxhall para o Grupo PSA (Peugeot Citroën). Empresa americana afirma que agora se concentrará nos EUA, onde ganha mais dinheiro, e na China. Automóveis Chevrolet fabricados aqui desde 1968 eram todos de origem Opel com colaboração da engenharia brasileira: Opala, Chevette, Monza, Kadett, Omega, Corsa, Vectra, Astra, Celta, Zafira, Meriva e Agile.
KIA SPORTAGE
É exemplo da evolução da marca sul-coreana. Estilo marcante se junta ao ambiente interno de nítida inspiração alemã. Painel sóbrio tem tudo no lugar certo, materiais de boa qualidade e sem rasgos de modernismos. Banco do motorista tem 10 regulagens elétricas. Motor perdeu 11 cv de potência para diminuir consumo e dá para notar.
FIAT
E o portal de vendas Amazon implantaram, no mercado italiano, processo de compra integralmente via internet. Depois de configurado e encomendado, o cliente retira o carro na concessionária. Os três modelos oferecidos (Panda, 500 e 500 L) cobrem dois terços da oferta atual da marca. Ainda não há decisão de levar a experiência para outros países.
PROJETO na Câmara dos Deputados cria a obrigatoriedade de motivação por escrito nas decisões dos julgamentos das autuações e penalidades de trânsito. Deve ficar esquecido nas comissões. Iniciativa do deputado Alberto Fraga (DEM-DF) esbarra na falta de estrutura das juntas de apelação. Motoristas ficam sem saber por que seu recurso foi indeferido. Lamentável.
Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Foi diretor de Redação da revista “Autoesporte” (1976 a 1982 e 1990 a 1996) e editor de Automóveis de “O Cruzeiro” (1970 a 1975) e “Manchete” (1984 a 1990). Produziu e apresentou os programas “Grand Prix”, na TV Tupi (1967 a 1980), e “Primeira Fila” (1985 a 1994), em cinco redes de TV. Exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. É ainda correspondente para a América do Sul do site “just-auto”, da Inglaterra.