O futuro está no hidrogênio
O futuro está no hidrogênio – Para a BMW, o futuro da mobilidade está nos veículos a hidrogênio. É o que diz Ilka Horstmeier, integrante do conselho administrativo do grupo e diretora das searas de Recursos Humanos, Imobiliário e Relações Trabalhistas da empresa de origem alemã.
A declaração foi dada em entrevista concedida após evento da companhia de fomento à ações que promovem diálogos interculturais a fim de tornar a sociedade mais tolerante e inclusiva. O encontro ocorreu na Cidade do México.
“Acreditamos no poder da escolha. Por isso, atualmente oferecemos veículos a combustão altamente eficientes, híbridos e puramente elétricos. Nós, contudo, realmente acreditamos que temos de rumar para o hidrogênio, pois este poderá ser o próximo passo além da eletromobilidade”, afirmou a executiva.
Ilka Horstmeier, porém, acrescentou que a empresa tem noção de que a velocidade de desenvolvimento de tecnologias como esta e outras distintas serão diferentes ao redor do mundo. “Mesmo assim, não deixamos de pensar e focar no hidrogênio”, salientou a conselheira da BMW.
De fato, se algumas montadoras já abandonaram a ideia dos veículos fuel cell devido à infraestrutura de recarga e aos altos custos de produção, a montadora segue na mesma toada. Tanto é que a empresa persevera, e lançou algumas unidades do iX5 movidas a célula de hidrogênio recentemente com o objetivo de avançar no desenvolvimento da tecnologia e também de forma a checar sua viabilidade a longo prazo.
“Para os veículos elétricos (BEVs), são necessários recursos naturais críticos [para produção] e devem ser analisadas as consequências da exploração destes recursos. Tudo deve ser verificado e você, especialmente na Europa, não é o ‘bom moço’ ao dizer tal. No entanto, é o que comunicamos e o que queremos continuar a comunicar”, especificou a executiva reforçando que, por ora, a BMW manterá sua estratégia de oferecer produtos com tecnologias distintas para os seus clientes.
BMW na vanguarda da transição elétrica entre alemãs
A conselheira do BMW Group ressalta que o mundo segue em constante mudança, com desafios diários. E, por isso, a BMW se mantém numa trilha capaz de transformar, aos olhos da empresa, a mobilidade. “Isso não é algo que vem de hoje. Já trabalhamos nessa transição faz alguns anos”, diz. Ilka Horstmeier cita, inclusive, o i3, modelo que encetou tal processo dentro da companhia.
“Lá atrás, em 2008 começamos a desenvolver os primeiros propulsores, as primeiras baterias e depois, claro, tempos depois, tivemos a chegada do i3, o primeiro carro elétrico de uma montadora alemã”, destaca a executiva. Inclusive, vale ressaltar que o i3 foi o primeiro veículo elétrico a ser, de fato, comercializado no Brasil.
Ilka Horstmeier também aproveitou para dar uma “espetada” na concorrência. “À época do lançamento [do i3], todos os críticos disseram que não havia futuro para a eletromobilidade. Na realidade, as críticas vieram da Volkswagen, do CEO da Volkswagen naquele período”, salientou.
A executiva, porém, disse que a BMW obteve vantagens por ter sido vanguardista. “Claro que, quando você lidera o pelotão, existem alguns momentos de dúvida. Mas, em consequência disso, hoje temos um portfólio com inúmeras opções [para os clientes] e já preparamos o lançamento de uma nova arquitetura”, complementou.
O futuro está no hidrogênio – Nova plataforma de elétricos chega em 2025
A arquitetura referida por Ilka já é notória. Trata-se da Neue Klasse, plataforma que servirá aos veículos eletrificados da montadora a partir de 2025. “Estamos nos preparando para a Neue Klasse e, por isso, passamos por um processo de transformação das nossas fábricas. A planta de San Luis Potosí, aqui no México, será a nossa terceira unidade no mundo a produzir veículos baseados na arquitetura. Acredito que isso será fantástico para a América Latina”, salienta.
Justamente por isso, a BMW incentiva a transformação de todo o seu organograma. Focada na digitalização, a montadora crê que tal tema não seja relevante apenas para seus carros, mas também para seus colaboradores.
“Estamos capacitando nossos funcionários de forma que todos tenham acesso aos conhecimentos acerca de inteligência artificial, realidade aumentada, metaverso, data analytics, entre outros. É necessário saber todas essas competências, bem como saber como aplicá-las de forma a otimizar os negócios”, explana Ilka.
O futuro está no hidrogênio – Sustentabilidade
Para o BMW Group, sustentabilidade é algo intrínseco à transição energética. Por isso, de acordo com a conselheira da montadora, a empresa pensa e trabalha tal tema com uma visão 360 graus “por conta da responsabilidade” que tem.
“Queremos tornar a transição energética ainda mais sustentável. Para ser honesta, veículos eletrificados demandam muito CO2 na fase de produção e, por isso, temos que atuar de forma pesada na cadeia logística, junto aos fornecedores, para tornar a eletromobilidade, de fato, muito mais sustentável”, acentua.
Para tal, Ilka Horstmeier garante que a companhia tem, no momento, alguns compromissos em curso, a fim de reduzir as emissões de ponta a ponta. “Primeiramente, os contratos firmados para a próxima geração de eletromobilidade com nossos fornecedores na seara de baterias são feitos com base em energia verde. Estamos atuando de forma bem aprofundada junto à cadeia e preparando estes contratos de forma com que a pegada de carbono seja reduzida drasticamente”, salienta.
A fabricante se diz ainda empenhada em trazer mais aspectos da economia circular para seu processo produtivo. “Acreditamos que muitos ainda não compreendem que recursos naturais são escassos. Portanto, queremos aumentar a porcentagem de uso de material reciclável na Neue Klasse”, revelou Ilka.
“O que é interessante sobre economia circular é que você tem de repensar todo o carro a fim de reduzir materiais cujos recursos para produção são, como mencionei, escassos. Além disso, você tem de focar no reuso de componentes, como as baterias, e ainda temos um longo caminho a percorrer, principalmente nesse campo”, revelou.
O BMW Group, vale ainda destacar, pretende reduzir a pegada de carbono de seus produtos em 40% até 2030. Justamente por isso, trabalha junto aos fornecedores de forma a mitigar tais problemas que possam ocasionar barreiras no caminho e também aposta na economia circular.
“Um dos grandes desafios da atualidade é a crise climática, que não é apenas um tópico ecológico, mas sim social. Portanto, nossa responsabilidade é transformar a mobilidade em algo sustentável”, conclui a executiva
BMW no Brasil e na América Latina
A conselheira do grupo garante que a América Latina e, por conseguinte, o Brasil, seguirão caminhos similares. “Nosso objetivo é criar uma experiência emocional entre cliente e carro. No entanto, sabemos que existem necessidades diferentes dos nossos clientes ao redor do mundo”, explica.
A executiva destaca ainda que as prioridades da BMW na região e em nosso país é a de se manter como número 1 no segmento premium. “Queremos continuar neste caminho exitoso aqui na América Latina”, enfatiza. “Com certeza, a chegada dos novos produtos, como o i7, são uma ótima oportunidade para nós”, completa Ilka.
Importante dizer que a região é importante para a companhia – que amargou queda nas vendas globais no primeiro trimestre. Até mesmo porque, segundo a executiva, a BMW pretende ter crescimento rentável este ano e acelerar o ramp up dos seus veículos elétricos. A montadora de origem alemã vendeu cerca de 215 mil eletrificados em 2022 e projeta, para 2023, que este segmento represente 15% das suas vendas totais.