Vendas de veículos no Brasil
SÃO PAULO (Reuters) – Flexibilizações de quarentena e retorno de alguns departamentos estaduais de trânsito ao trabalho ajudaram a elevar as vendas de veículos em maio, mas o volume emplacado segue apontando forte queda em relação a um ano antes, informaram duas fontes do mercado nesta segunda-feira.
Os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no mês passado somaram cerca de 65,3 mil unidades, uma alta de 17% na comparação com abril, mas recuo de 73% sobre maio do ano passado, segundo dados preliminares.
As vendas de carros e comerciais leves somaram cerca de 59,4 mil unidades, crescimento de 15,4%, os emplacamentos de caminhões foram de 5.215 unidades, enquanto os de ônibus foram de aproximadamente 670 veículos.
A indústria divulga o fechamento oficial de vendas e dados que incluem produção na sexta-feira.
“A demanda está sendo duramente afetada pela queda da renda e aumento do desemprego, portanto, não esperamos que as famílias estejam propensas e confiantes para aquisições de bens de maior valor agregado como imóveis e veículos nos demais meses do ano”, afirmou Ricardo Jacomassi, economista-chefe da TCP Partners.
A consultoria preparou levantamento sobre os impactos da epidemia sobre o setor e estima que as vendas de veículos no Brasil este ano caiam cerca de 47%, a 1,48 milhão de unidades.
Além disso, sem sinais de retomada do mercado argentino, maior importador do Brasil, as vendas externas da indústria brasileira de veículos devem atingir um dos menores embarques registrados desde a formação do Mercosul.
“Não temos conhecimento de saída de alguma marca do mercado brasileiro devido à queda das vendas, até porque a queda foi mundial e não restrita ao país…O setor comenta que um mercado é atrativo a partir de uma produção de 2 milhões de unidades por ano”, adicionou. Segundo ele, uma das preocupações é o segmento de ônibus, “que geralmente em ano de eleição municipal tem alta, mas com o Covid-19 praticamente desapareceram”.
A situação deve impulsionar o mercado de reposição de peças, segundo a TCP, após o terceiro trimestre, diante da necessidade de manutenção da frota circulante, que terá processo de renovação adiado por causa da crise.
Mas isso ainda será insuficiente para compensar a indústria de autopeças da queda da produção de montadoras, que são responsáveis por mais de 80% das vendas do segmento, diz Jacomassi. Segundo o levantamento, a renovação da frota ficará abaixo da taxa média, de cerca de 8% dos últimos dez anos.