Modelos “populares” voltarão a ter destaque no Brasil

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Retomada

Após os automóveis populares perderem espaço na crise para modelos de maior valor agregado, montadoras voltam a apostar no segmento de entrada para garantir volumes. A retomada, segundo agentes do setor, deve vir justamente dos veículos mais acessíveis.

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Modelos populares

Para o diretor da Route Automotive, Wladimir Molinari, a retomada vai começar com os modelos mais baratos, diante da volta de compradores de carros mais populares que ficaram fora do mercado com a crise. “Por um tempo, o brasileiro que estiver disposto a trocar de carro ainda vai preferir, na maioria, comprar um automóvel mais acessível. A tendência é que os populares voltem ao ranking dos mais vendidos”, avalia.

No ano passado

No ano passado, modelos que custam entre R$ 70 mil e R$ 110 mil emergiram na lista dos mais vendidos do Brasil, em um movimento inédito no mercado nacional. Um deles é o sedã Corolla, da Toyota. Outro campeão de vendas foi o utilitário esportivo HR-V, da Honda.

Contudo, as montadoras já estão preparando munição para competir no nicho que historicamente é o mais disputado do País, o de populares. Em balanço recente à imprensa, o diretor comercial do grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Sérgio Ferreira, afirmou que a recuperação das vendas no Brasil deve vir do segmento 1.0.

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Fiat Mobi
“Estamos apostando que a retomada do mercado brasileiro virá principalmente da categoria em que o compacto Mobi está posicionado”Sérgio Ferreira - diretor comercial do grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA)

A Renault prepara o compacto Kwid

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Renault Kwid

A Renault prepara para este ano o lançamento do compacto Kwid, que será produzido no Brasil e virá para competir na categoria de modelos como o Mobi e o up!, da Volkswagen. De acordo com o diretor de marketing da montadora, Bruno Hohmann, o modelo será o “SUV dos compactos de entrada”.

“Com a retomada do mercado automotivo brasileiro, este é o segmento que deve voltar com toda força”, disse o executivo na ocasião do lançamento do utilitário esportivo Captur.

Hohmann acrescentou que o Kwid terá a principal característica de um SUV que vem agradando ao brasileiro: maior altura em relação ao solo. “A nossa vantagem é que temos o carro certo, alto e com porta-malas de verdade”, assegurou.

Consumidores de alta renda

Molinari observa que, nos últimos dois anos, apenas os brasileiros com renda mais elevada compraram automóveis. Segundo ele, naturalmente estes consumidores optam por modelos mais caros, o que favoreceu marcas que antes não figuravam nem no ranking dos dez mais vendidos do País.

O consultor acredita, entretanto, que os carros de entrada ainda serão destaque principalmente pelo fator preço. “Os modelos populares não param de vender porque pessoas que precisam se locomover para o trabalho, estudantes e frotistas continuam buscando custo-benefício.”

Ele salienta que as montadoras já estão se preparando para o retorno do mercado de compactos (também chamados de subcompactos). “Marcas como Volkswagen, Fiat e Renault estão apostando muito na retomada do segmento. Os populares ainda são o ‘ganha-pão’ das montadoras no Brasil”, comenta Molinari.

Ele enfatiza, porém, que o brasileiro manterá o desejo de carros mais completos, ainda que os mais baratos do portfólio. “O consumidor não abre mão de carros completos, até porque o preço mínimo de um carro hoje, no Brasil, é bastante elevado.”

O consultor avalia que, apesar do reaquecimento do mercado de populares, as montadoras devem continuar investindo paralelamente no segmento SUV, que caiu definitivamente no gosto do brasileiro. “Os modelos de maior valor agregado trazem posicionamento e margens às montadoras. E o mercado de SUV é disputado por um público com bastante renda: nenhuma marca vai querer ficar de fora”, avalia.

Tempo de troca

De acordo com estudo da Route, historicamente o tempo médio de troca de automóvel por um mesmo proprietário é de três anos no Brasil. Porém, a partir de meados de 2014, quando a crise no setor automotivo começou a se aprofundar, essa média aumentou muito.

“Hoje, o tempo médio de substituição do veículo gira em torno de quatro anos e meio a cinco anos”, revela Molinari. Ele lembra que o auge das vendas de veículos no País ocorreu em 2012 e a renovação dessa frota ainda não ocorreu de forma ampla. “Os veículos estão envelhecendo, mas a substituição tem sido adiada em decorrência da retração econômica”, destaca.

Molinari aponta o nível de confiança do consumidor como a principal força motriz para a retomada do setor. “O brasileiro sempre gostou de carro novo, é uma característica do nosso mercado. Mas com a crise, a maioria dos proprietários que iriam trocar de automóvel acabou adiando a compra”, elucida. “Por esse motivo, o grande volume de vendas que deveria ter ocorrido em 2014 – reflexo das vendas de alguns anos antes – não ocorreu”, complementa.

Os sinais já apontam para uma melhora do nível de confiança

O consultor pondera que os sinais já apontam para uma melhora do nível de confiança, o que está totalmente relacionado à venda de automóveis.

“Os grandes volumes de vendas no Brasil sempre foram de compactos de entrada, segmento que está intimamente ligado a emprego, renda e crédito. Com o reaquecimento da economia, o consumidor vai querer substituir seu automóvel até para reduzir os custos com manutenção”, considera.

O segmento small hatch

Ainda de acordo com estudo da Route, o segmento small hatch (compacto de entrada) corresponde a cerca de 54% da frota nacional. Para os próximos 12 meses, a maioria dos proprietários de automóveis tem intenção de trocar de carro, sendo o small hatch o foco principal.

“Mas o brasileiro ainda está com receio de entrar em um financiamento principalmente devido ao temor do desemprego. Neste cenário, a renovação da frota não vai ser brutal neste ano”, avalia Molinari. “O consumidor ainda está inseguro.”

O consultor da Route ressalta, entretanto, que a idade da frota brasileira já chegou ao seu ápice. “A retomada do setor automotivo vai ser lenta, porém já notamos que a estagnação ficou para trás. Aos poucos, o mercado vai reaquecer”, pontua. (DCI/Juliana Estigarríbia)