Depois de saltar a R$3,15, dólar tem movimento de queda

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Movimento de queda

SÃO PAULO (Reuters) – Depois de saltar quase 2 por cento na véspera e ir ao patamar de 3,15 reais, o dólar vivia movimento de queda nesta sexta-feira e caía, em meio à expectativa pelo discurso da chair do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Janet Yellen, que pode consolidar apostas de alta de juros no país já neste mês.

Às 10:35, o dólar recuava 0,64 por cento, a 3,1311 reais na venda, depois de subir 1,88 por cento, para 3,1513 reais na véspera. O dólar futuro tinha queda de 0,70 por cento.

Movimento da véspera foi um pouco exagerado

“O movimento da véspera foi um pouco exagerado… já que os investidores estavam apostando na queda (do dólar)”, afirmou o operador da Spinelli Corretora José Carlos Amado, referindo-se ao movimento visto nos dias anteriores devido à expectativa de entrada de recursos externos no Brasil.

Às 15:00 (horário de Brasília), Yellen fará discurso em Chicago e o mercado aguardava ansiosamente mais pistas sobre a política monetária dos Estados Unidos. Nos últimos dias, outros dirigentes do Fed ampliaram as expectativas de que o banco central pode elevar os juros já neste mês, em sua reunião dos dias 14 e 15. As apostas de aumento estavam em cerca de 75 por cento, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group.

Mais juros tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outras praças, como a brasileira.

Cena política brasileira continuava no radar do mercado

Apesar do movimento de queda do dólar nesta sessão, a cena política brasileira continuava no radar do mercado após vazamentos de delações de executivos da Odebrecht, citando importantes políticos. O temor, entre outros, era de que o governo do presidente Michel Temer perca força e não consiga aprovar importantes reformas no Congresso, sobretudo a da Previdência.

Nesta semana, o empresário Marcelo Odebrecht depôs à Justiça Eleitoral e confirmou um jantar com Temer no qual foi tratado de contribuições para a campanha do então vice-presidente. Ele, entretanto, disse que o tema foi tratado “de forma genérica” e não houve pedido de doação direto feito pelo presidente.

A questão política

“A questão política contribuiu para levar o dólar para cima, uma vez que há risco sobre a chapa Dilma-Temer. Se for impugnada, o substituto de Temer pode ser alguém que voltará atrás nas reformas estruturais”, afirmou o diretor da mesa de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa.

O Tribunal Superior Eleitoral analisa um pedido de cassação da chapa Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014.

O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado cambial, por enquanto, para essa sessão. Em abril, vencem o equivalente à 9,711 bilhões de dólares em swaps tradicionais, equivalente à venda futura de dólares, e operadores se questionavam se o BC rolará, mesmo que parcialmente, esses contratos.

Reuters Brasil – Por Claudia Violante