Existe uma empresa chamada nanoFLOWCELL, suíça, que vem falando há alguns anos sobre um novo conceito em carros elétricos. No Salão de Genebra, ela promete mostrar seu mais novo modelo, o QUANT 48VOLT. O que ele tem de especial, além da eventual novidade, é o fato de não ser um carro elétrico passível de ser recarregado. Ele é reabastecido, como um automóvel comum, com motor a combustão. Se você nunca ouviu falar em baterias de fluxo, vai conhecê-las agora.
O conceito foi patenteado em 1976, pela NASA. A ideia era achar uma forma melhor de armazenar energia em viagens espaciais. Baterias são conhecidas pela dificuldade que apresentam na recarga e também na liberação da energia armazenada, algo que não afeta supercapacitores, por exemplo. Com as baterias de fluxo, o armazenamento é bastante simplificado.
Ele é feito por meio de líquidos iônicos, que são basicamente água com sais metálicos. A nanoFLOWCELL diz que 1 kg de seus líquidos é capaz de armazenar 20 vezes mais energia do que 1 kg de baterias de chumbo-ácido conseguem reter e 5 vezes mais do que baterias de íons de lítio. Como comparação, 1 kg de combustível produz 400 vezes mais energia do que a das baterias de chumbo-ácido, ou 20 vezes mais do que os líquidos iônicos da empresa suíça.
Eles nunca chegam a reagir entre si, sendo armazenados em dois tanques distintos. Um é para o líquido com carga negativa e o outro, para o com carga positiva. Uma membrana entre eles permite que apenas os íons passem, o que gera a energia de que o carro precisa. O líquido, usado e descarregado, é eliminado como vapor, provavelmente depois de ser usado para refrigerar a bateria auxiliar e os motores do veículo. O esquema abaixo explica isso melhor.
A tecnologia da nanoFLOWCELL faz os líquidos “interagirem” por meio de uma película. O processo gera energia elétrica. Ela é então fornecida aos 4 motores do carro (um para cada roda, montados no centro da carroceria para evitar massa não-suspensa), a supercapacitores e a uma bateria auxiliar, que armazena o excedente de energia eventualmente gerada.
O primeiro carro da empresa foi o QUANT e-Sportlimousine. Ele tinha 5,26 m de comprimento, 2,02 m de largura, 1,36 m de altura e a um entre-eixos de 3,20 m. O galipão teve versões de 653 cv, 925 cv e de 1.089 cv, com autonomia de até 800 km. Graças aos tanques de 400 litros, 200 litros para cada líquido iônico. Ele nunca chegou a ser vendido, assim como todos os modelos da nanoFLOWCELL até hoje. Eles esbarram em uma dificuldade técnica das grandes: onde “reabastecer” as baterias. É preciso criar postos de “abastecimento”, que poderiam ser bem semelhantes aos atuais. Talvez exatamente os mesmos, com adaptações.
Depois do QUANT e-Sportlimousine, a nanoFLOWCELL mostrou o QUANTino, um modelo de penas 3,91 m, mesmo tamanho de um Ford Fiesta da quinta geração, mas com o mesmo entre-eixos do Quant: 3,20 m. Ele também tem 1,93 m de largura e 1,34 m de altura. Na sequência, a marca apresentou um modelo com sistema elétrico de 48V de tensão nominal (os anteriores chegavam a 735V). Daí o nome do modelo que a empresa apresentará em Genebra.
QUANT 48VOLT e QUANT e-Sportlimousine
E o novo carro? Tudo indica que ele é uma evolução do QUANT e-Sportlimousine, como mostra nosso comparador de imagens no Motor1.com. E, agora, com um sistema elétrico de 48V. Se preferir compará-los por aqui, veja abaixo a imagem do 48VOLT.
Agora, veja o e-Sportlimousine.
O 48VOLT parece ser levemente mais alto, mas isso pode ser apenas impressão por conta do ângulo das fotos. O para-choque traseiro também é um pouco diferente, com duas saídas de ar em vez da única, central, que havia no e-Sportlimousine. Sabemos que ele poderá atingir 300 km/h e terá uma autonomia de 1.000 km, mas por ora é só. Genebra revelará os demais detalhes do modelo. Só não espere por grandes surpresas. O que ele realmente tem de surpreendente são suas baterias de fluxo. Que podem ser a resposta para viabilizar os veículos elétricos em todo o mundo.
Fotos: divulgação