Montadoras passam a fabricar mais, ainda com o efetivo em casa. Aos poucos, o ritmo da indústria automobilística começa a dar sinais de melhora. Não se trata, ainda, de um grande salto. A produção no mês passado, de 174 mil veículos, está em níveis semelhantes aos de agosto, setembro e outubro do ano passado. Mas na comparação com um ano atrás, houve um aumento de 17,1%.
Os dirigentes do setor encaram o resultado com otimismo. As empresas estariam se preparando, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes (Anfavea), Antonio Megale, para dias melhores, que ainda estão por aparecer no mercado interno. O resultado das vendas em janeiro (147,2 mil unidades) uma queda de 5,2% ante o primeiro mês de 2016 “frustraram” a Anfavea, disse Megale ontem.
A indústria opera, no entanto, com um outro dado visto como negativo por uns e positivo por outros. O número de trabalhadores afastados das fábricas aumentou de 7,4 mil no fim do ano passado para 10,3 mil no início deste. Isso significa que a ociosidade nas montadoras cresceu. Mas, sob o ponto de vista de alguns dirigentes do setor, indica, ao mesmo tempo, que existe hoje a percepção, nas empresas, de que é melhor evitar demissões e segurar a mão de obra especializada em razão da perspectiva de que o cenário vai melhorar.
Poucas vagas foram fechadas em janeiro em relação a dezembro. Mas em comparação com um ano atrás, o nível de emprego nessa indústria encolheu 8,7%. Total de 104,2 mil pessoas trabalham nas montadoras. Desse total, 1,6 mil estão em “layoff”, que prevê a suspensão temporária, e 8,6 mil estão no Programa Seguro Desemprego (PSE), o antigo PPE, que prevê redução da jornada e complementação salarial com recursos públicos.
Megale considerou ainda “dramática” a situação do mercado de caminhões, que registrou uma queda de 33,3% na comparação com um ano atrás, num total de 2,9 mil unidades. O mês que terminou foi o pior janeiro para o segmento desde 1997. “Esperamos que com a boa safra a situação comece a mudar”, disse Megale.
Montadoras olham para o mercado externo
O ritmo das linhas de montagem também aumentou em janeiro porque o mercado externo continua a ajudar a indústria automobilística a compensar a baixa demanda interna. O mês passado foi o melhor janeiro para exportações de veículos produzidos no Brasil. Foram embarcadas 37,1 mil unidades, uma alta de 56% na comparação com janeiro de 2016.
A exportação de veículos no primeiro mês do ano somou US$ 666,3 milhões, uma alta de 50,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. A Argentina continua a ser o principal destino das vendas externas das montadoras.
Mas, com a estabilidade cambial, muitos fabricantes começam a conquistar novos destinos, como países africanos e do Oriente Médio. A Anfavea prevê um aumento de 7,2% no faturamento com exportações este ano.
O mercado externo pode ajudar a elevar a produção. A expectativa é de o volume este ano cresça 11,9% na comparação com 2016. Já no mercado interno, a esperança se volta à expectativa de redução na taxa de juros. Lentamente, o consumidor volta a se endividar com a compra de um automóvel. A participação do financiamento nas vendas, que estava em 50,3% em novembro, está agora em torno de 54%. (Valor Econômico/Marli Olmos)