SÃO PAULO (Reuters) – O dólar operava em queda ante o real nesta quarta-feira, com expectativas de mais ingressos de recursos externo, mas a cautela imperava entre os investidores antes da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, nesta tarde.
Às 10:38, o dólar recuava 0,22 por cento, a 3,1440 reais na venda, depois de fechar janeiro em queda de 3,04 por cento. O dólar futuro caía cerca de 0,20 por cento.
“O dólar pode inverter a trajetória ao longo do dia… mas, de saída, temos perspectiva de manutenção de juro nos Estados Unidos, o que para os emergentes é favorável”, comentou o operador da Advanced Corretora Alessandro Faganello.
O Fed deve manter a taxa de juros nesta tarde, em sua primeira decisão desde que Donald Trump tomou posse como presidente dos EUA, enquanto aguarda maior clareza sobre as políticas econômicas do republicano.
Economistas consultados pela Reuters descartaram alta dos juros na reunião desta semana, cujo resultado sai às 17h (horário de Brasília). Os investidores viam aumento em junho, de acordo com dados compilados pelo CME Group.
O Fed elevou a taxa de juros referencial na reunião de dezembro, a segunda alta em uma década, para a faixa entre 0,5 e 0,75 por cento. O banco central norte-americano prevê mais três aumentos neste ano.
Sem aumentar juros agora, recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro, tendem a não migrar para a maior economia do mundo.
No exterior, o dólar tinha leves variações frente a uma cesta de moedas depois de registrar o início de ano mais fraco em três décadas diante de preocupações de que os Estados Unidos caminham para abandonar duas décadas da chamada política de “dólar forte”. Em janeiro, acumulou queda de 2,6 por cento.
O dólar caía ante algumas divisas de países emergentes, como os pesos mexicano, chileno e rand sul-africano.
Dólar tem sua queda explicada
O Brasil tem recebido fluxos positivos de recursos externos em meio a um período em que empresas estão captando recursos no exterior. Segundo dado mais recente do Banco Central, em janeiro até o dia 20, o fluxo cambial estava positivo em 3,612 bilhões de dólares.
Internamente, o mercado também estava atento à indicação do novo relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que deve ocorrer nesta sessão.
O Banco Central não anunciou intervenção para este pregão, pelo menos por enquanto. Na véspera, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse que a autoridade pode rolar parcialmente ou não rolar os swaps tradicionais – equivalentes à venda de dólares no futuro – que vencem em março, equivalentes a 6,954 bilhões de dólares.
Reuters Brasil – Por Claudia Violante