GM vai diminuir seu tamanho outra vez

Montadora anuncia fechamento de cinco fábricas nos EUA e Canadá e duas fora da América do Norte, com redução de 15% no quadro de empregados

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GM vai diminuir seu tamanho
Fábrica de Lordstown da GM em Warren, Ohio, que produz o Chevrolet Cruze, vai ser fechada em 2019

GM vai diminuir seu tamanho

Após significativos e constantes cortes ao longo da última década, a GM vai prosseguir com a estratégia de redução de seu tamanho para garantir que seu balanço permaneça no campo positivo. Na segunda-feira, 26, a CEO Mary Barra anunciou uma nova e severa redução das operações em 2019, quando a companhia pretende fechar quatro fábricas nos Estados Unidos, uma no Canadá e outras duas fora da América do Norte, com consequente desligamento de 15% de sua força de trabalho assalariada, incluindo o achatamento de 25% no quadro global de executivos. As estimativas são de que 8 mil funcionários serão demitidos em todo o mundo, a maioria no território norte-americano.

Em comunicado divulgado na segunda-feira, a empresa afirma eufemisticamente que mais esta reestruturação “irá acelerar sua transformação para o futuro, construída sobre a estratégia compreensiva lançada em 2015 para fortalecer suas atividades-fim, capitalizar sobre o futuro da mobilidade pessoal e dirigir significativas eficiências de custos”. Na prática, segundo a empresa, as ações propostas foram desenhadas para aumentar em US$ 6 bilhões o fluxo livre de caixa da companhia em 2020, levando em conta cortes de custos de US$ 4,5 bilhões e redução de US$ 1,5 bilhão em despesas com bens de capital – decorrentes especialmente do fechamento de unidades de produção.

“As ações que estamos tomando hoje continuam nossa transformação para ser [uma companhia] altamente ágil, resistente e lucrativa, dando flexibilidade para investir no futuro. São ações que no longo prazo vão aumentar o lucro e a geração de caixa potencial, aumentando nossa resiliência nesse ciclo”, disse a CEO Mary Barra.

 

Estratégia de desenvolvimento de produtos

Como estratégia de desenvolvimento de produtos para os próximos anos, a GM pretende aumentar a velocidade e qualidade dos projetos, fazendo maior uso de ferramentas virtuais para reduzir tempos e cortar custos, quer elevar o volume de componentes compartilhados, além de integrar os times de engenharia de produto e propulsão em número menor de centros. Os esforços serão orientados para o lançamento de SUVs e picapes, focando em cinco arquiteturas que deverão corresponder a 75% de suas vendas globais no início da próxima década, além de dobrar nos próximos dois anos os recursos direcionados a seus programas de veículos elétricos e autônomos.

Para miniminar a notícia do fechamento de fábricas, a GM destacou que nos últimos quatro anos direcionou recursos para atender ao crescimento da demanda por seus SUVs e picapes, adicionando turnos de trabalho e investimentos de US$ 6,6 bilhões em suas unidades de produção nos EUA, que criaram e mantiveram 17,6 mil empregos. Agora, disse a companhia, “com as mudanças nas preferências dos consumidores nos Estados Unidos e em resposta ao declínio nas vendas de carros, os produtos futuros serão alocados em um número menor de plantas no próximo ano”.

Fechamento de fábricas

A GM adiantou que vai fechar a linha de montagem de Oshawa, em Ontário no Canadá, e outras duas nos EUA, incluindo Detroit-Hamtramck Assembly em Detroit, Michigan; e Lordstown Assembly (onde é produzido o Chevrolet Cruze) em Warren, Ohio. Duas fábricas de motores e transmissões também serão fechadas: Baltimore Operations em White Marsh, Maryland, e a Warren Transmission Operations em Warren, Michigan.

Em adição ao fechamento já anunciado da fábrica de Gunsan, na Coreia, a GM anunciou que vai encerrar as operações de mais duas plantas fora da América do Norte, mas não confirma ainda quais são. Em tese, pode ser qualquer lugar, incluindo Brasil e Argentina que têm unidades ociosas.

Embora tragam reduções de custos, as ações vão implicar em gastos extras calculados pela GM entre US$ 3 bilhões e US$ 3,8 bilhões em indenizações trabalhistas, pensões e despesas com o desmonte de fábricas. A empresa espera financiar os custos de reestruturação com instrumentos de crédito no mercado, possivelmente com o lançamento de papeis de dívida, “para aumentar a liquidez e flexibilidade financeira”.