ZF Aftermarket avança com canais digitais e Openmatics

Empresa amplia comunicação com reparadores e caminhoneiros; plataforma de telemetria está em testes 

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ZF Aftermarket

As diversas disrupções tecnológicas exibidas na Automechanika Frankfurt este ano também vão chegar ao mercado brasileiro de peças de reposição e serviços automotivos, ainda que em passo mais lento. Mas já é possível aproveitar os canais digitais já existentes para ampliar a comunicação com os diversos públicos desse universo. É o que tem feito a ZF Aftermarket no Brasil, que investe na abertura de novas linhas de conexão com reparadores e caminhoneiros, além de desenvolver adaptações para sua plataforma aberta multimarca de telemetria, a Openmatics, que começa a ser introduzida gradativamente no País.

ZF Aftermarket avança no Brasil com canais digitais e Openmatics
ZF Aftermarket avança no Brasil com canais digitais e Openmatics

“Tínhamos pouca comunicação com nossos clientes finais, especialmente reparadores e caminhoneiros. Os canais digitais abriram essa possibilidade. Estamos usando com sucesso algumas soluções que estão até sendo copiadas por outras unidades da ZF no mundo”, destacou João Lopes, diretor da ZF Aftermarket América do Sul.

 

Visitando a Automechanika na semana passada, Lopes estava entusiasmado com as oportunidades que surgem com o maior uso da comunicação digital. Para estreitar o relacionamento com reparadores, ele citou o programa “Amigo Bom de Peça”, uma série de vídeos explicativos curtos (2 a 5 minutos) abrigados em um portal lançado pela empresa há pouco mais de um ano. “Percebemos que muitos mecânicos não conseguiam acompanhar a velocidade da evolução tecnológica, então criamos o programa para passar essas orientações de forma rápida e simplificada, na medida do que esse público precisa para executar seu trabalho sem problemas”, explica o executivo.

Já existem 21 vídeos hospedados e a ZF coloca no site um novo a cada 45 dias em média, com diversos tipos de orientação prática – qual a diferença entre direção hidráulica e elétrica, por exemplo. Depois de assistir cada capítulo, o webespectador é convidado a fazer um pequeno teste e ganha um certificado se acertar 90% das questões. A empresa já emitiu 12 mil certificados em um ano e quatro meses. “Eu não conseguiria habilitar nem um quarto desse número de pessoas com treinamentos presenciais no mesmo período”, pontua Lopes. “Continuamos a promover os cursos presenciais, mas esse canal nos deu velocidade sem precedentes.”

Outras unidades do grupo já estão copiando o Amigo Bom de Peça: os vídeos estão sendo traduzidos para 16 línguas, incluindo chinês, alemão, russo, espanhol e inglês. “Virtualmente vamos atingir o mundo todo”, comemora Lopes.

CONEXÃO DIRETA COM CAMINHONEIROS E FROTISTAS

 

Em outra frente estratégica de comunicação, a ZF fechou um acordo de exclusividade para fornecimento de autopeças no aplicativo de fretes TruckPad, usado diariamente por 50 mil caminhoneiros em todo o território brasileiro. Por meio do canal com geolocalização, a empresa sabe em tempo real onde e qual tipo de caminhão está rodando pelo País. Com isso, pode enviar ao celular do motorista lembretes de manutenção e promoções de troca de peças no posto de serviço mais próximo naquele momento.

A efetividade do aplicativo é grande: “Fizemos uma parceria com cinco varejistas para lançar a marca no TruckPad e enviamos um cupom eletrônico para troca por um brinde. Mais de 80% dos cupons foram coletados no primeiro dia da campanha”, relata Fernanda Giacon, gerente de marketing da ZF Aftermarket América do Sul.

Ao mesmo tempo, há cerca de um ano a ZF testa no Brasil sua plataforma aberta de telemetria, a Openmatics, que funciona em qualquer veículo e por isso pode ser adotada por frotas multimarcas. Com cerca de 75 funcionalidades, a Openmatics está sendo provada em duas empresas, uma fabricante de caminhões e um frotista de vans.

“Oferecemos uma boa solução, tecnologicamente muito completa, mas temos de adaptar para o Brasil. Por exemplo, para o País são necessárias mais funções de segurança do que na Europa. Outra questão é a forma de venda: no mercado brasileiro a maioria dos frotistas quer comprar essa telemetria como um serviço, não como um equipamento; e para isso vamos tentar fazer parcerias com startups e bancos para vender o serviço”, explica Lopes.

Segundo ele, o equipamento é de fácil instalação, conectado na central eletrônica OBD. A Openmatics transmite para a nuvem diversos dados do veículo e da carga – que pode inclusive receber etiquetas com chip para medir dados como entrada e saída, vibração e temperatura. É possível monitorar consumo, velocidade, aceleração, intensidade de frenagens, inclinação e até a imagem do lugar por onde o caminhão passa, entre outras informações. Esses dados podem ser repassados ao motorista por meio de uma tela no painel e também transmitidos via conexão com GPS e telefonia celular 3G e 4G, para reduzir possíveis áreas de sombra de sinal.

“Até 2020 a Openmatics deverá entrar comercialmente no mercado, até agora avaliamos que é viável, mas precisa de adaptações”, diz Lopes. “Algumas tecnologias mais avançadas [que estão sendo apresentadas na Automechanika], como uso de realidade aumentada, são elementos que ainda demoram mais a chegar, até porque nem na Europa isso está maduro para uso. Mas estamos avançando rápido, em breve teremos mais novidades que serão verdadeiras disrupções”, promete.

O aftermarket brasileiro representa cerca de 20% do faturamento da ZF na América do Sul, porcentual quase duas vezes maior do que a média global da companhia, em torno de 10%, equivalentes a € 3,5 bilhões do total de € 36 bilhões faturados em 2017.


*Esta cobertura é oferecida pela Delphi Technologies
O jornalista viajou a convite da Messe Frankfurt