Como as mulheres da Stellantis tiveram papel essencial na Ram Rampage

Ampla participação feminina em um dos principais projetos da montadora reflete a importância das profissionais dentro da empresa

376
As mulheres da Stellantis
Ingrid começou como estagiária e hoje ocupa cargo de gerência na Stellantis

As mulheres da Stellantis

As mulheres da Stellantis – Poucas empresas são tão engajadas na diversidade como a Stellantis. Além de promover ações para incentivar as mulheres a crescerem dentro da companhia, a fabricante de automóveis aderiu recentemente ao programa HeForShe (ElesPorElas), criado pela ONU Mulheres, com o objetivo de aumentar a compreensão do discurso de equidade de gênero.

“Queremos trazer mais protagonismo para as mulheres, visto que, historicamente, o setor automotivo conta com presença majoritariamente masculina e isso não reflete mais o compromisso atual da Stellantis”, ressalta Vanessa Castanho, vice-presidente da Citroën para a América do Sul e apoiadora do grupo de afinidade de gênero Women of Stellantis (WoS).

A presença feminina é notada de forma expressiva no dia-a-dia da empresa. Elas atuam em todas as áreas em diferentes cargos, indo da linha de montagem ao desenvolvimento dos produtos. De acordo com a Stellantis, as mulheres respondem por 26% dos trabalhadores administrativos e 15% da força de trabalho ligada à produção de veículos na América do Sul. No Pólo Automotivo de Goiana (PE), o volume de funcionárias é de 20%.

Além de ser vice-presidente da Citroën, Vanessa apóia o grupo de afinidade Women of Stellantis

“Queremos ser uma empresa de mobilidade e tecnologia que adota políticas de igualdade de gênero de cima para baixo, e incentiva que os direitos humanos básicos e a dignidade estejam em primeiro lugar, independentemente do país ou região onde a empresa está presente”, diz Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul.

Durante o lançamento da Ram Rampage, Automotive Business conversou com quatro profissionais que participaram ativamente do projeto que é um dos mais importantes da história da Stellantis no mercado sul-americano.

Chama a gerente!

Muitas mulheres estão na empresa há anos e hoje ocupam cargos importantes. É o caso de Ingrid Rubin, que atualmente é gerente de validação e desenvolvimento de veículos.

“Para mim, é um grande orgulho porque sabemos como é difícil chegar a um cargo de liderança, e a Stellantis sempre proporcionou esse desenvolvimento das mulheres na engenharia”, afirma.

Paulista de nascimento, Ingrid começou a estagiar em 2010 no Grupo PSA (holding entre Peugeot e Citroën), na área de engenharia de materiais. Foi promovida no ano seguinte e lá permaneceu até a fusão do conglomerado francês com a FCA – Fiat Chrysler Automóveis, que deu origem à Stellantis.

Hoje, a engenheira trabalha para todas as marcas da empresa, o que proporciona uma oportunidade ímpar para sua carreira.

“Isso é muito bacana porque potencializa nosso conhecimento de como fazer um veículo. Não é porque é uma equipe única de engenharia que os veículos são todos iguais. Temos a oportunidade de conhecer o DNA de cada marca e saber quais são as características que cada uma delas impõe”, diz Ingrid, que divide seu tempo entre Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP), para visitar sua família.

Especialista em Rampage

Karoline mergulhou de cabeça no projeto da nova picape da Ram

Em um dos eventos de apresentação da Rampage à imprensa, Ingrid estava ao lado de sua colega Karoline Santos. A dupla, inclusive, atendeu gentilmente ao nosso pedido de entrevista, a qual você confere no vídeo ao final desta reportagem.

Formada em engenharia de controle e automação, Karoline passou por CNH Industrial e FPT antes de ingressar na Stellantis, onde trabalha na engenharia de produto. Assim como Ingrid, ela participou ativamente das várias fases de desenvolvimento da Rampage, e conhece a picape como poucas pessoas dentro da companhia.

“Passei por várias áreas aqui e há sete anos atuo na parte de veículos. Nós temos uma visibilidade fora do normal com essa oportunidade de lidar com tantas marcas. Vivemos desafios e experiências completamente distintas que agregam ao nosso dia-a-dia e nos proporcionam mais conhecimento. Como mulher, acho fantástico poder estar à frente de grandes marcas e lidar com grandes produtos”, afirmou.

Uma jovem experiente

Amanda tem bagagem de sobra na área de calibração de freios

Logo após ser muito bem orientado por Ingrid e Karoline no autódromo de Curvelo (MG), parti para meu momento na pista off-road a poucos metros dali.

Quem estava lá para me acompanhar era Amanda Salles. Especialista em calibração e performance da central eletrônica e freios, a mineira de fala mansa está acostumada à rotina na pista de testes. “Me sinto em casa aqui”, diz.

Não é para menos. Apesar da pouca idade, a engenheira mecatrônica de 30 anos acumula sete anos de casa.

“Meu primeiro emprego foi na Stellantis, onde entrei como estagiária e depois fui terceirizada antes de ser efetivamente contratada”, relembra.

Durante o percurso repleto de obstáculos desafiadores e muita lama, Amanda me orientou com a experiência de quem conhece o local (e o carro) como a palma de sua mão. Mesmo sem ter sido incentivada pelos pais a gostar de automóveis (“meu pai fez isso com meu irmão, e ele virou médico”), ela curte muito o que faz.

“Me identifico muito com meu trabalho e hoje posso dizer que amo o que faço”, afirma, orgulhosa.

De estagiária a executiva

Quem também ingressou na indústria por meio de um programa de estágio foi Maiara Castro. Graduada em engenharia eletrônica, ela passou por várias áreas dentro da Stellantis, onde está há 16 anos.

“Sou engenheira eletrônica de formação e iniciei minha carreira na área de confiabilidade e teste de novos produtos. Era muito interessante pela chance de acompanhar o desenvolvimento do produto desde o início até os testes finais”.

A experiência fez Maiara se aproximar da área de produção, e logo ela foi transferida para Pernambuco, onde trabalhou por cinco anos na fábrica de Goiana (PE).

“Lá estive mais próxima de manufatura e análise, além de estar em contato com as concessionárias porque trabalhamos na evolução dos nossos produtos no campo. Então levei minha experiência no desenvolvimento para essas áreas”, conta.

Após voltar para Betim (MG), Maiara começou a trabalhar em um lado mais comercial com os clientes. Logo ela foi para a área de atendimento a clientes e há cerca de dois anos assumiu o comando de mais dois departamentos.

“Hoje sou responsável pelas áreas de atendimento ao cliente, treinamento da rede de concessionárias e pela qualidade e serviço em vendas e pós-vendas”.

A voz do cliente

Esportista nata, a engenheira também era entusiasta de carros antes de ingressar na indústria automotiva. “Eu já gostava de carro e sempre gostei muito de aventura e velocidade. Essa paixão só se consolidou e ganhou força na Stellantis”.

O primeiro projeto que Maiara participou foi o da segunda geração do Fiat Palio, no qual ela começou a atuar em 2010, quase dois anos antes de seu lançamento comercial. Depois disso, acumulou experiências na Itália e nos Estados Unidos antes de retornar ao Brasil. Toda essa bagagem faz com que a engenheira contribua de forma importante em projetos como o da Rampage.

“Na Ram Rampage participei ativamente porque precisamos pensar na experiência do cliente a todo momento enquanto desenvolvemos um novo projeto. Nossa contribuição acontece colocando a voz do cliente na construção do produto”, diz.

Assim como suas colegas de empresa, Maiara celebra a chance de trabalhar em uma empresa do porte da Stellantis.

“Nós temos trabalho para todas as marcas e todos os gostos. Conseguimos diferenciar quem a gente precisa atingir, de acordo com a construção do produto. Então, acho muito saudável e inteligente a forma como estamos conseguindo utilizar as tecnologias nos nossos produtos e está sendo um processo de bastante aprendizado”.

Só que a oportunidade de encarar desafios tão variados não é sua única motivação. “Queremos tomar o mercado todo!”, diz, aos risos.

Com a valiosa contribuição feminina na rotina da Stellantis, esse não parece ser um objetivo tão distante assim.