Vendas de veículos só retomam patamar pré-pandemia no Brasil em 2025

Durante o #ABX22, consultoria mostra que falta de componentes, juros, inflação e restrição ao crédito ainda vão frear crescimento do setor automotivo

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Vendas de veículos

Vendas de veículos

Vendas de veículos – Aquele mercado de mais de 3 milhões de veículos comercializados ao ano que o Brasil viveu na década de 2010 está bem distante da nossa realidade. E mesmo atingir os níveis de vendas do setor automotivo pré-pandemia, só em 2025.

Essa foi uma das conclusões – realistas – do painel “Vendas e produção de veículos: projeções pé no chão para o setor automotivo, durante o Automotive Business Experience – #ABX22. Na exposição, Fernando Trujillo, principal consultant da S&P Global, revelou estudos sobre as expectativas para 2022 e as perspectivas a médio prazo para a indústria de veículos leves.

“Os números indicam crescimento modesto para os próximos anos, muito em conta da recuperação da produção com a melhoria no abastecimento dos semicondutores, a queda da taxa de juros e da inflação. Mesmo assim, serão anos batalhando para resolver problemas estruturais e voltar ao nível de mercado que a gente tinha anteriormente. As 2,5 milhões de unidades do período pré-pandemia, somente em 2025”, ponderou o executivo.

Vendas de veículos: Semicondutores são drama sem fim

Fernando Trujillo mostrou, durante o #ABX22, de que forma a crise no abastecimento de insumos, em especial dos chips automotivos, afetou a indústria global e brasileira. Segundo ele, a falta de semicondutores e componentes tirou de cena cerca de 9 milhões de veículos globalmente.

Só no Brasil, os problemas no abastecimento de peças afetaram a produção de 600 mil unidades. Desta forma, o país encolheu 13% em veículos fabricados de janeiro a julho de 2022 na comparação com 2022, enquanto a média global de recuo ficou em 11%.

“Os problemas de semicondutores são globais e o Brasil acaba sendo um pouco mais impactado por decisões mais estratégicas das matrizes. Nosso mercado automotivo tem sofrido bastante globalmente. E o Brasil um pouco mais”, ressaltou Trujillo.

Reação em cadeia

O resultado é um efeito dominó, acentuado ainda por outros fatores. No painel, o executivo da S&P Global lembrou que o cenário ainda é bastante difícil, com alta no preço dos veículos, dificuldade de crédito, juros elevados e inflação.

Ainda tem a questão dos estoques baixos. Fernando Trujillo mostrou que os volumes chegaram a 76 mil unidades nesse sentido, muito baixo se comparado aos anos anteriores, cuja média de estoques giravam em torno das 300 mil veículos.

Os pátios vazios, juntamente com a mudança de segmentação, fizeram o preço do carro disparar também. O ticket médio do automóvel no Brasil atualmente está em R$ 138 mil, 50% acima do período pré-Covid – média ponderada do mercado e deflacionada nos dias de hoje.

“O cenário que vivemos hoje na indústria automotiva é bastante complexo. Estoques baixos, preços altos, crédito restrito, juros e inflação que impactam bastante o poder de compra do consumidor, e isso se reflete numa queda de vendas novamente esse ano”, comentou o executivo.

A projeção para 2022 é de 1,95 milhão de unidades, o que representaria queda de 1,4% em relação a 2021. “Isso considerando as vendas do segundo semestre melhores que as do segundo semestre do ano passado”, salientou Trujillo.

Estabilidade ainda distante

Enquanto isso, a indústria brasileira e global vai ter de buscar caminhos e inovações. Isso porque a normalidade do abastecimento de componentes e semicondutores ainda está longe.

“É um problema que parece não ter fim, e a expectativa é que as interrupções nas linhas de montagem continuem, mesmo em um nível abaixo do que o desse ano. A normalização do fornecimento deve acontecer no fim de 2023, início de 2024. A indústria vai ter que continuar achando soluções para não deixar a produção cair ainda mais”, afirmou Fernando Trujillo.

O executivo da S&P Global também sobre a tendência de aumento inevitável dos segmentos de SUVs e de picapes – no Radar Podcast, também destacamos como estes comerciais leves vão avançar. O painel no #ABX22 ainda abordou o crescimento da Stellantis e os rumos da eletrificação no Brasil.