Fiat 500e
O Fiat 500 fez um relativo sucesso em nosso mercado na geração anterior. Cheio de estilo, tinha um preço interessante pelo o que oferecia e criou uma legião de fãs oferecendo também a opção conversível e o esportivo Abarth. E seu retorno acontece como um compacto elétrico cheio de tecnologias e, lógico, aquele estilo e alma italianos que só ele pode oferecer.
Porém, não tem mais o apelo do preço que teve no passado. Nesta geração, ele foi projetado para ser um carro 100% elétrico, apesar de você olhar para ele e lembrar dos anteriores. Não espere o ver com tanta facilidade nas ruas como há alguns anos, mas saiba que naquele pequeno pacote está um carro bastante tecnológico.
O que é?
O Fiat 500e está sobre uma plataforma exclusiva para modelos elétricos, a Mini BEV e, por enquanto, apenas sua. Com isso, a engenharia conseguiu trabalhar toda a disposição interna e design pensando exclusivamente nesta motorização, sem túnel de transmissão ou área para o sistema de escape, por exemplo. Na comparação com a geração anterior, que segue a venda na Europa, o novo 500 cresceu 61 mm no comprimento, 22 mm no entre-eixos, 57 mm na largura e 29 mm na altura.
O motor elétrico está no eixo dianteiro. São 87 kW, ou 118 cv, e 22,4 kgfm de torque. Seu peso chama a atenção pelos 1.352 kg, um número baixo considerando o que vemos normalmente nos elétricos. A bateria, de 42 kWh, está no assoalho do compacto e foi por ela que o 500 acabou crescendo em praticamente todas as dimensões. Itens como suspensão, eixo traseiro, freios e coluna de direção são exclusivos do 500e e dimensionados para ele.
Por dentro, o 500e mostra ainda mais seu design trabalhado. O painel tem o estilo que conhecemos, mas uma tela de 7″ faz o papel de instrumentação com uma boa resolução e algumas opções de visualização. Ao centro, uma outra tela com 10,25″ é o multimídia e outros comandos do carro – no Brasil, apenas a versão Iconic, a topo na Itália, é oferecida. Tem Apple CarPlay e Android Auto sem fios.
Os bancos tem o escrito Fiat bordado em todo seu tecido. Não há ajustes elétricos, mas são confortáveis e o acabamento no geral agrada. As portas abrem com botões e há pequenos easter eggs espalhados pelo interior – um está no puxador das portas, com o antigo 500 acompanhado do escrito “Made in Turin” e, no carregador por indução, um desenho da cidade italiana.
Como anda?
Esta é a melhor forma do Fiat 500. Suas dimensões compactas casaram perfeitamente com a motorização elétrica e, pelas ruas, criou a curiosidade nas pessoas. Não há nada escrito Fiat nele, apenas 500, além da unidade testada ter a curiosa cor Verde Oceano, que varia de azul a verde dependendo da luz. Para se sentir mais na Europa, só faltou o cenário.
Até a chave do 500e é diferente. Achei curioso o fato dela estar um um cordão que parecia um colar e depois entendi que a Fiat diz que realmente pode ser utilizada assim – eu não usei. Para o motorista, um bom espaço, já que sem a alavanca de câmbio tradicional, se abriu espaço entre os bancos. Para escolher qual marcha (entre P, N, R e D), há 4 botões no console. O freio de estacionamento é automático e fica ao lado do controle de volume do som e do seletor de modo de condução no console central.
Entre Normal, Range e Sherpa (que já explicarei o significado), escolhi o Range. Ele ativa a regeneração em um modo mais forte, permitindo dirigir no modo One Pedal. O 500e é ágil na cidade, ganha velocidade rapidamente e, com dimensões compactas, até empolga a colocá-lo em alguns lugares onde modelos maiores não teriam a chance. A direção elétrica é direta e, na nova geração, tem regulagem de altura e profundidade. O Normal basicamente tira o One Pedal, ficando mais solto nas desacelerações, mas não muda o desempenho, que é bom.
A Fiat fala em uma autonomia de 460 km com uma carga no 500e. Mas isso varia muito de condutor para condutor, bem mais no elétrico que em um carro a combustão. Chegamos na faixa dos 360 km, no modo Range e com ar-condicionado em boa parte do tempo e uso basicamente urbano. Os 460 km, ou algo perto disso, devem aparecer no curioso modo Sherpa, que agora sim falarei sobre ele.
Sherpa é um povo himalaio que vive na região do Nepal e Tibet e que são conhecidos pelo conhecimento em montanhismo, segundo o Google. Ou seja, eles sabem vivem em situações extremas de resistência com pouco, que é basicamente o modo Sherpa do 500e: ele limita diversas funções, como ar-condicionado e velocidade, e aumenta a regeneração das baterias nas desacelerações.
Quanto custa?
O 500e quer se destacar também em um pacote de equipamentos que inclui piloto automático adaptativo, assistente de faixa, alerta de ponto-cego, 6 airbags, ar-condicionado automático, frenagem automática de emergência com detector de pedestres, leitor de placas e teto-solar. Seu por R$ 239.990 com 4 opções de cores: Nero Onice (preto), Bianco Ghiaccio (branco), Verde Oceano (como o testado) e o Grigio Minerale, fosca.
Entraremos em detalhes sobre o Fiat 500e em um teste completo, com números de desempenho e consumo. Por enquanto, o pequeno “fiatinho” mostrou que manteve a alma italiana que tanto o fez vender bem em nosso mercado. Pena que agora ele ficou consideravelmente mais caro, mas é o preço da eletrificação e do pacote tecnológico.
Fotos: Mario Villaescusa (para o InsideEVs Brasil)