Produção de veículos na Argentina
A produção de veículos na Argentina em 20 dias úteis de novembro totalizou 32.570 unidades, ficou 13,5% acima de outubro e superou em expressivos 20,2% o número registrado no mesmo mês do ano passado, segundo dados mais recentes divulgados esta semana pela Adefa, a associação dos fabricantes instalados no país.
Desta vez, graças aos incentivos à compra de carros nacionais no país, o mercado interno argentino sustentou boa parte da alta, uma vez que as exportações estão em queda em todas as comparações.
Ainda assim, o desempenho positivo que vem sendo observado mês a mês desde junho não foi suficiente para compensar a forte retração na produção este ano provocada pela pandemia de coronavírus, que paralisou fábricas por vários meses. De janeiro a novembro foram montados 227 mil veículos no país, número 24,4% inferior ao verificado no mesmo período de 2019.
Exportações em baixa
No sentido inverso, as exportações, que sempre foram responsáveis por sustentar mais da metade da produção argentina de veículos, este ano vêm apresentando seguidas baixas. Em novembro as fábricas na Argentina exportaram apenas 11.503 carros, ou 35% do volume produzido no mês, enquanto um ano antes essa relação foi de 130%, quando as vendas externas superaram em 30% o total de unidades montadas naquele mês no país.
O volume exportado em novembro representou recuo de 22,5% sobre outubro e significativa contração de 35,8% na comparação com o mesmo mês de 2019. Na soma de 11 meses o resultado é pior, a Argentina exportou apenas 120.691 veículos, em queda de 41,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. O total foi equivalente a pouco mais da metade, 53%, da produção de janeiro a novembro. Há um ano esse porcentual era de 68%, o que comprova a perda de força exportadora dos fabricantes.
Vendas internas crescem
Ainda que com baixos volumes e total insuficiente para compensar a queda do ano, o mercado argentino de veículos vem dando algumas mostras de recuperação. De acordo com números consolidados pela associação de concessionários da Argentina, a Acara, em novembro foram emplacados 34.563 automóveis e comerciais leves, o que representou forte crescimento de 33,9% ante o mesmo mês de 2019.
Houve uma queda de quase 8% sobre as vendas de outubro passado, em resultado justificado pelo menor número de dias úteis de novembro e falta de alguns produtos para pronta entrega. Em 11 meses os argentinos compraram 321.569 veículos leves, o que revela retração de 26,7% em comparação com o mesmo intervalo de 2019, mas o resultado é bem melhor do que indicavam as previsões no pico da pandemia, em abril e maio, quando boa parte dos analistas esperava por contração do mercado argentino este ano superior a 40%.
Os carros fabricados na Argentina ganharam incentivos e isso vem sustentando as vendas no mercado interno. Em novembro, dos dez carros mais vendidos, cinco são argentinos, a começar pelo líder do mês, o sedã Fiat Cronos, único modelo produzido pela FCA no país, que foi seguido pela picape Toyota Hilux, também argentina.
Segundo dados de vendas no atacado da Adefa, cerca de metade do volume de veículos faturado para a rede em novembro foram produzidos no país. O total 31.431 unidades encaminhadas aos concessionários representaram queda 5,7% sobre outubro e alta de 37,3% ante o mesmo mês de 2019. Mas quando se verifica em separado o desempenho dos carros nacionais, os 16 mil automóveis e comerciais leves vendidos revelam crescimento de 12,7% sobre o mês anterior e forte expansão de 133% na comparação com novembro do ano passado.
No comparativo de 11 meses essa diferença se repete. O total de 273,8 mil veículos faturados pelos fabricantes à rede na Argentina de janeiro a novembro configuram queda de quase 20% em relação aos mesmos meses de 2019. Mas quando se leva em conta somente os 101,8 mil carros nacionais encaminhadas à venda nas concessionárias, o número equivale a uma alta de 6% sobre os mesmos 11 meses do ano anterior.
Prorama para exportar mais
“O comportamento do setor é reflexo do compromisso assumido pelas montadoras de aumentar os volumes de produção, o que também se reflete no aumento da participação dos veículos nacionais nas vendas internas, mas obviamente temos de continuar redobrando esforços para reverter os dados negativos das exportações. Cremos que com o início da produção de novas versões e novos modelos que vimos nos últimos meses, será possível a recuperação no mercado externo”, avalia Daniel Herrero, presidente da Adefa. |
Nesse sentido, Herrero destacou que a Adefa e outros participantes da indústria, incluindo fabricantes de autopeças e sindicatos de trabalhadores, seguem trabalhando com o governo argentino para viabilizar a aprovação do programa Visión 2030 e do projeto de lei que declara como “estratégico” o setor automotivo no país. “Hoje esse diálogo está dando resultados e nós como Adefa vamos reforça-lo, porque estamos convencidos que a Argentina tem futuro como jogador destacado na produção regional de veículos para o mundo”, assinalou o dirigente.