Strada lidera e dá liderança à Fiat no mês; Volkswagen toma o 1º lugar no ano

GM perde o posto por mil carros e Onix fica 199 unidades abaixo da picape

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Fiat recupera a liderançaFiat recupera a liderança

No o melhor mês de vendas deste ano até agora, foram anotadas mudanças importantes no topo do ranking de marca e veículos do mercado brasileiro. A recém-renovada Strada conseguiu um feito incomum para uma picape, que com 11.842 emplacamentos foi o veículo mais vendidos do País em setembro, com 199 carros à frente do quase sempre líder Chevrolet Onix, e com isso garantiu também o primeiro lugar para a Fiat, que no mês registrou 39 mil licenciamentos e superou Volkswagen (34 mil) em segundo e GM/Chevrolet (31,8 mil) em terceiro.

A GM não só mais uma vez perdeu a liderança mensal do mercado brasileiro, mas também foi ultrapassada no acumulado do ano, por cerca de mil carros, pela Volkswagen, que em nove meses de 2020 contabilizou 224.290 emplacamentos e participação de 17,3%, deixando a rival no segundo lugar com 223.203 vendas e 17,2% de market share. A Fiat, por sua vez, fica em terceiro na soma de janeiro a setembro, com 204.158 unidades licenciadas no período e fatia de 15,7%.

O fenômeno STRADA

Renovada e lançada em julho passado com novas versões mais alinhadas com as qualidades de um veículo de passageiros, a picape Strada ampliou seu próprio mercado e foi um sucesso instantâneo de vendas, e surpreendente para os executivos da Fiat, que esperam bons resultados do novo produto, mas não tão bons. Tanto que, em apenas três meses de mercado (e ainda sem dar início às exportações), a FCA (Fiat Chrysler Automobiles) precisou dobrar de 6 mil para 12 mil a capacidade de produção do modelo na fábrica de Betim (MG) só para atender o mercado interno, e mesmo assim ainda não conseguiu atender todos os pedidos, que passaram de 15 mil em setembro, segundo revela Herlander Zola, diretor da marca na América Latina.

“No Brasil não é comum uma picape liderar as vendas de veículos, a Strada foi a única a fazer isso, por três vezes, agora e em dois outros meses em 2014 e 2015. No atual ritmo, vemos que ainda há espaço para continuar crescendo com os pedidos represados que temos”, avalia Herlander Zola.

 

O diretor admite que há filas de espera grandes pela nova Strada, algo em torno de 60 dias nas vendas diretas para pessoas jurídicas (principalmente produtores rurais), que representam a maior parte da procura pela picape, em torno de 65%, e de 30 a 40 dias para atender os pedidos feitos no varejo das concessionárias. “Continuaremos a tomar medidas para aumentar a produção até que ela seja adequada à demanda; não podemos neste momento abrir um novo turno, mas estamos fazendo uso de todas as ferramentas como horas extras e balanceamento entre um modelo e outro na mesma linha”, afirma Zola.

A expansão da produção da Strada será ainda mais necessária nos próximos meses, pois a picape já começa a ser exportada, primeiro para a Argentina, onde foi lançada em agosto, e nos próximos meses para Uruguai e Paraguai. Para os demais mercados da região, alguns deles em que a Strada é vendida com a marca Ram, a picape deve demorar mais tempo para chegar.

A maior parte dos emplacamentos da Strada atualmente são da versão Endurance com cabine estendida (Plus), que representou em setembro 32% dos negócios, devido à vocação do modelo para o trabalho. Mas as opções “de lazer”, as mais procuradas nas concessionárias atualmente, aumentaram sua participação na gama da picape para níveis nunca antes alcançados: as versões com a inédita cabine dupla de quatro portas responderam por 46% das vendas no mês passado, sendo 27% da topo de linha Volcano e 19% da Freedom.

Zola afirma que ainda estão fazendo pesquisas para entender melhor de onde está vindo toda a demanda pela nova Strada, mas antecipa que a maior parte dos interessados já eram clientes da Fiat e estão migrando de seus modelos hatches como o Palio e sedãs como o Linea/Grand Siena para versões da picape que hoje oferecem conforto igual ou até superior ao de um veículo compacto de passageiros, com o diferencial de uma caçamba que acomoda duas vezes mais carga/bagagens do que qualquer hatch. Na prática, a Strada ganhou novos clientes e hoje concorre com outras categorias de veículos compactos.

Por pressão de custos, principalmente de componentes importados pagos em dólar caro diante do real desvalorizado, Zola confirma que já foram feitos reajuste de 1,5% a 3%, nos preços da picape, dependendo da versão, que hoje começa em R$ 64.590 (Endurance cabine Plus) e vai até R$ 82.290, caso da topo de linha Volcano.

FIAT de volta à liderança após 5 anos

Mesmo que seja só por um mês, graças ao desempenho acima das expectativas da Strada a Fiat comemora sua volta à liderança do mercado em setembro após cinco anos afastada do topo do ranking. Conseguiu anotar participação mensal expressiva de 19,7%, bastante acima dos 17,1% da Volkwagen e dos 16% da GM no período.

Com os 39 mil emplacamentos do mês passado, a Fiat também conseguiu o expressivo feito de apurar crescimento de 30% na comparação com setembro de 2019. No acumulado de nove meses, os 204.158 emplacamentos da marca representam queda de 23% na comparação com o mesmo período de 2019. A retração é expressiva, mas 10 pontos porcentuais menor do que a média de 33% que o mercado recuou na soma de janeiro a setembro deste ano.

“Apesar do tamanho menor do mercado este ano, estamos ganhando participação (15,7% de janeiro a setembro contra 13,8% no mesmo período de 2019) e caímos menos do que os concorrentes. A nova Strada é o grande destaque desse resultado, sozinha responde mais da metade das vendas de picapes no País, mostrou que fizemos uma aposta bem-sucedida na renovação; estávamos otimistas, mas não esperávamos esse nível de demanda tão alto”, pontua Zola. “Mas também é preciso incluir nessa receita nossas ações de vendas on-line, que vêm fazendo toda a diferença nesse período. Vendemos 7 mil carros só em um evento de fim de semana usando a plataforma digital”, aponta.

Para o último trimestre do ano, Zola afirma que a Fiat projeta o mesmo nível de crescimento do mercado que vem sendo observado, com volumes mensais de 10% a 12% inferiores aos verificados nos mesmos meses do ano passado, terminando 2020 com o total em torno de 1,9 milhão de veículos vendidos no Brasil, o que representa retração de 28% sobre 2019. “Ainda assim será uma queda relevante e dramática, que nos faz pensar em planos para neutralizar os efeitos negativos da crise em 2021. A recuperação é lenta, mas o importante é voltar a crescer”, avalia.