Marcos Thadeu Lobo
Engenheiro Mecânico Graduado Pela Universidade Estadual De Campinas ( Unicamp ) em 1985. Ingressou na Petrobras Distribuidora S/A em 1986 como profissional de Suporte Técnico em Produtos. E atualmente exerce a função de Consultor Técnico Sênior.
Seleção de graxas
Ao selecionarmos uma graxa, devemos levar em consideração a aplicação e as condições de serviço em que a graxa irá trabalhar. Para um melhor entendimento do que constitui uma boa graxa devemos nos concentrar nas propriedades de seus componentes:
- A Viscosidade Cinemática do óleo básico que compõe a graxa.
- O tipo de óleo básico.
- A natureza do espessante.
Figura 1 – A seleção de graxas é processo que deve ser realizado com atenção.
Dicas para a melhor seleção de graxas
- A VISCOSIDADE CINEMÁTICA DO ÓLEO BÁSICO: a Viscosidade Cinemática do óleo básico é propriedade muito importante a ser considerada e é, com frequência, negligenciada e incompreendida quando diz respeito à sua influência na escolha de graxas lubrificantes. A Viscosidade Cinemática do óleo básico para uso em mancais de rolamento, principal aplicação das graxas lubrificantes, pode ser estimada levando-se em conta a sua rotação, o tipo ( ex. de esferas; de rolos cilíndricos etc. ), a condição de serviço ( ex. temperatura ) e as suas dimensões ( ex. diâmetro do furo; diâmetro externo e largura ).
Figuras 2/3 – A viscosidade do óleo básico é determinante na seleção de graxas.
O conhecimento e a apropriada escolha da Viscosidade Cinemática do óleo básico são determinantes para adequada seleção de graxas lubrificantes, de forma a se ter desempenho satisfatório na aplicação e na condição de serviço.
- O TIPO DO ÓLEO BÁSICO: o tipo do óleo básico é determinado pelas condições nas quais a graxa será utilizada, tais como altas e/ou baixas temperaturas, severidade da carga, pressão de trabalho etc. A carga e a pressão de serviço não apenas influenciarão o tipo do óleo básico como, também, o pacote de aditivos ( extrema-pressão; anti-desgaste ) que será utilizado na graxa lubrificante.
Ao passo que óleos básicos sintéticos são mais adequados se a graxa lubrificante for utilizada em amplas faixas de temperatura e condições de serviço, óleos básicos minerais podem ser utilizados satisfatoriamente em condições moderadas e uniformes de temperaturas de operação e regimes de trabalho.
Figura 4 – É importante conhecer-se o tipo do óleo básico utilizado na graxa.
- A NATUREZA DO ESPESSANTE: o espessante é o composto da graxa lubrificante responsável por manter contido o óleo básico. É fundamental que o espessante atenda às exigências técnicas do OEM como, também, suporte as condições de operação a que a graxa será submetida. Há grande variedade de espessantes que, via de regra, não deveriam ser misturados sem um prévio estudo de compatibilidade. Os tipos de espessante mais comuns são: cálcio, lítio, complexo de lítio, poliuréia, complexo de alumínio e sulfonato de cálcio.
É bom ter em mente que uma mesma graxa lubrificante poderá ser utilizada em uma ampla variedade de equipamentos sob as mais diversas condições de operação. As aplicações mais comuns de graxas lubrificantes são para uso em cabos de aço, mancais de rolamento e de deslizamento, guias de deslizamento etc. e estes elementos de máquina podem estar instalados em ativos móveis ou industriais operando em condições de calor extremo, ambientes poeirentos ou temperaturas extremamente baixas.
Figuras 5/6 – O espessante deve ser adequado à condição de serviço.
Por haver ampla gama de aplicações, ambientes de trabalho, regimes de operação e tipos de maquinário, a correta seleção de graxas lubrificantes é atividade que demanda conhecimento do produto a ser utilizado e da condição de serviço a que será submetida. O mercado dispõe de diversidade de graxas disponíveis, sendo a evolução permanente o que possibilita que o usuário tenha muitas opções para a as suas necessidades. Nunca é demais lembrar que a seleção da graxa deve ser customizada para cada equipamento mesmo que isto implique no uso de mais de um tipo de graxa e as dificuldades inerentes decorrentes disto. Racionalizar o uso de graxas sem critério pode levar a avarias catastróficas em ativos móveis e industriais.
Figuras 7/8 – Seleção inadequada de graxa pode causar avarias catastróficas.