Câmbio automático nacional é realidade ainda distante

Elevada capacidade produtiva mundial e volumes regionais tímidos são empecilhos para fabricar transmissões automáticas no Brasil

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Câmbio automático nacionalCâmbio automático nacional

A produção no Brasil de câmbios automáticos, atualmente presentes em quase metade dos veículos vendidos no mercado interno, ainda é algo distante na opinião de Luiz Santamaria, diretor de compras da FCA Latam, Celso Simomura, vice-presidente de compras da Toyota, e David Padrão, gerente de compras da Volkswagen, que participaram de painel do Workshop Planejamento Automotivo ABPLAN 2020 , realizado por Automotive Busines s na segunda-feira, 19, no WTC Events Center em São Paulo.

Ainda que a participação dessas transmissões tenha triplicado nos carros vendidos no País na última década e a oferta é crescente em todas as marcas e segmentos, os executivos defendem que os volumes atuais ainda não justificaram a nacionalização.

“É um investimento muito alto e que, portanto, exige uma demanda também muito alta. Mas a produção nacional de transmissões automáticas vai acontecer com o decorrer do tempo”, afirma Celso Simomura, da Toyota.

 

O executivo reforça que as tecnologias adotadas pela Toyota são globais, mas nem sempre elas atendem as necessidades técnicas e de custos de uma região. “Precisamos adequá-las aos mercados e produzi-las de forma competitiva.”

Curiosamente, as três empresas representadas no painel do ABPLAN 2020 compram transmissões automáticas de um mesmo fornecedor, a Aisin, que atualmente importa as caixas do Japão. A empresa é uma subsidiária do Grupo Toyota.

Padrão, da Volkswagen, lembra que todos os câmbios oferecidos na linha brasileira da Volkswagen vêm do Japão e regionalizar a produção é uma premissa sobre a qual a montadora vem trabalhando há muito tempo, sem, entretanto, chegar a um veredito.

Já o diretor de compras da FCA é claramente o menos esperançoso de que poderá encontrar algum fornecedor local, no curto prazo, os câmbios automáticos que equipam os Fiat e Jeep montados em Betim (MG) e Goiana (PE). Há, segundo ele, outros dois empecilhos, além da demanda considerada ainda insuficiente para justificar o investimento em uma linha de produção de transmissões automáticas: um mercado pulverizado e a elevada capacidade produtiva instalada nos principais polos automotivos mundiais, como o Japão.

“Seria interessante se tivéssemos uma maior padronização dos câmbios que as montadoras daqui utilizam. Geraríamos uma escala maior. Mas sou cético que tenhamos câmbios automáticos nacionais no curto prazo, até porque tem muita ociosidade lá fora”, afirma Santamaria.