FCA retira proposta de fusão com Renault

Governo francês e Nissan atrasaram o negócio, dizem agências

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Proposta de fusão

FCA retira proposta

Pouco mais de uma semana após apresentar um plano de fusão com a Renault avaliado pelo mercado em US$ 35 bilhões, a FCA (Fiat Chrysler Automobiles) decidiu retirar a proposta feita ao grupo francês. A desistência do negócio foi decidida na noite da quarta-feira, 5, em reunião do conselho de administração da FCA presidida pelo chairman John Elkann.

De acordo com reportagem do Wall Street Journal, a resistência da Nissan, sócia na Aliança Renault Nissan Mitsubishi, em aprovar o negócio teria deixado hesitante o governo francês, que detém 15% de participação acionária na Renault e pediu o adiamento das discussões, deixando a diretoria da FCA insegura para sustentar o projeto de união em partes iguais das duas empresas, que daria origem à terceira maior fabricante de veículos do mundo – isso sem contar com os sócios japoneses da Renault.

O comunicado divulgado pela FCA foi bastante direto nesse sentido: “Ficou claro que as condições políticas na França inexistem neste momento para o prosseguimento bem-sucedido de tal combinação (a fusão)”. Mais cedo, a Renault divulgou nota afirmando que sua “diretoria havia se reunido sob a presidência de Jean-Dominique Senard para continuar a analisar com interesse a proposta recebida da FCA para uma potencial fusão 50/50 entre as duas empresas”, e prosseguiu afirmando que “o grupo de diretores não foi capaz de tomar uma decisão devido ao pedido expressado por representantes do estado francês [no conselho] para adiar seu voto para uma próxima reunião”.

Ainda segundo fontes ouvidas pelo Wall Street Journal, os dois representantes da Nissan no conselho da Renault estavam segurando seu voto sobre fusão, o que provocou o pedido de adiamento da decisão por parte do governo francês, que na mesma quarta-feira emitiu declaração afirmando que, como acionista majoritário da Renault, não aprovaria o negócio com a FCA sem garantias da Nissan de que a Aliança com a empresa francesa sobreviveria se a união fosse adiante.

Na segunda-feira, 3, o CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, aumentou o grau de incerteza no ar ao afirmar que a fusão de sua sócia na Aliança com a FCA iria alterar significativamente a estrutura da companhia e que “isso iria requerer uma revisão fundamental do relacionamento existente entre Renault e Nissan”.

Conforme reportagem a agência Bloomberg, o governo francês era a favor da fusão e acreditava que o acordo seria fechado, mas teria pedido mais tempo para negociar alguns termos com a Nissan, quando foi surpreendido pela repentina retirada da proposta pela FCA.

Durante os poucos dias de negociação da proposta de fusão, além das garantias da Nissan, para aprovar o negócio o governo francês exigia manter poder decisório na corporação, pedia manutenção do nível de empregos na França e queria que o francês Senard, de 66 anos, fosse o presidente da nova empresa.

No comunicado distribuído após desistir da negociação, a FCA afirma que “permanece firmemente convencida quanto à lógica sólida e transformadora da proposta, que foi amplamente apreciada desde a sua submissão, cujos termos e estrutura foram cuidadosamente equilibrados para entregar benefícios substanciais para todas as partes”.