PSA Peugeot Citroën
Em visita de três dias ao Brasil, o presidente mundial da PSA Peugeot Citroën, Carlos Tavares, reforçou nesta quarta-feira o plano do grupo de lançar pelo menos dois novos veículos de cada uma das marcas até 2021, a maior parte de produção local, com objetivo de alcançar 5% de participação no mercado nacional.
Presente no País como fabricante desde 2001, as duas marcas francesas respondem por apenas 2% das vendas atualmente e a fábrica de Porto Real (RJ) opera com apenas metade de sua capacidade, que é de 150 mil veículos ao ano, em dois turnos.
A virada Brasil
“O plano que chamamos de ‘virada Brasil’, também tem como meta a lucratividade das operações”, diz o executivo. O grupo opera com prejuízos desde 2012. Na América Latina, o resultado financeiro do ano passado foi de equilíbrio, depois de três anos de ganhos.
Tavares conta com o crescimento mais sustentável da economia brasileira “que tem potencial grande e está tomando decisões na direção correta”.
Globalmente, a PSA, segunda maior fabricante de carros na Europa, atrás da Volkswagen, passa por um momento positivo, com vendas de 3,88 milhões de veículos em 2018 (6,8% a mais que o ano anterior) e alta de 40% no lucro, para 3,3 bilhões de euros. Boa parte do resultado se deve ao desempenho da Opel, a operação europeia da General Motors adquirida em meados de 2017 e que teve lucro de 859 milhões. Nas mãos da GM, a marca registrou prejuízos nos 20 anos anteriores.
Posição de caçador e não de caça
Com dinheiro em caixa, ele afirma que o grupo “está em posição de caçador e não de caça”. A PSA avalia novas fusões e até compra de marcas, mas Tavares afirma que não há ainda nenhum plano em andamento nesse sentido. Os últimos dias, a imprensa internacional tem dito que haveria interesse do grupo em parceiras com a Fiat Chrysler, Jaguar Land Rover e até mesmo a GM.
“São boatos”, limitou-se a dizer sobre esse tema. Essas ações poderiam ajudar o grupo a desenvolver mais rapidamente tecnologias de redução de emissões, de desenvolvimento de carros elétricos e autônomos, além de entrar em mercados onde não está atualmente, como o americano.
Elétricos e demissões
Tavares, que também preside a Acea, Associação das Montadoras Europeias, voltou a insistir nas consequências da decisão de outubro do Parlamento Europeu de ficar em 40% a cota de veículos elétricos a serem vendidos na região até 2030. O porcentual é o dobro do sugerido pelas fabricantes.
“É uma mudança muito drástica no modelo de produção de carros e vai causar o fechamento de fábricas e milhares de desempregos”, prevê o executivo português. Segundo ele, desde janeiro já houve anúncios por parte de várias montadoras de demissão de 30 mil trabalhadores até 2020 em razão das mudanças na legislação ambiental.
Níveis de emissão de poluentes
A indústria, ressalta ele, concorda que é preciso trabalhar para melhorar os níveis de emissão de poluentes, mas diz que a pressa terá consequências drásticas para a sociedade. Além do desemprego, ele cita que o preço do carro elétrico é bem mais alto do que os modelos a combustão, o que poderá diminuir drasticamente o consumo. “O custo da mobilidade, da liberdade de movimento, vai ser multiplicada por dois e ficará inviável especialmente para a classe média”.
Também há o problema da bateria, que representa 40% do custo do automóvel e hoje a produção desse equipamento está centralizada na China. Ressalta ainda que não há, no momento, investimentos significativos para a criação de rede de recarga das baterias e que o preço da energia elétrica também vai subir.