Destruição criativa
Para encarar a era digital a indústria automotiva deve estar disposta a enfrentar um processo de destruição criativa. A recomendação é de Gil Giardelli, especialista em era digital, fundador da 5Era, consultoria que ajuda empresas a permanecerem relevantes em tempos de transformação e, ainda, professor convidado de instituições como ESPM, Fundação Dom Cabral e Insper. Segundo ele, a ideia é manter a capacidade de destruir criativamente produtos e ideias que não funcionam mais “antes que alguém o faça por você”, diz, citando a teoria do economista austríaco Joseph Schumpeter.
Futuros Inteligentes do #ABX19
Além das funções que já acumula, Giardelli é embaixador de Futuros Inteligentes do #ABX19, Automotive Business Experience, maior encontro de negócios do segmento, marcado para o dia 27 de maio. O especialista diz que o processo de informação e conexão entre pessoas, cidades e fábricas é tão acelerado que a indústria precisa correr para desenvolver novas competências. “O setor automotivo não é mais só de graxa e máquinas, mas de cérebros e estrategistas”, diz. E complementa:
A busca das pessoas é por “ser”
A busca das pessoas, conta, é por “ser”, não por “ter” – algo que é um ponto de atenção para empresas acostumadas a vender veículos. Segundo Giardelli, para aproveitar estas novas oportunidades a indústria precisará ampliar horizontes, olhar para o potencial de oferecer serviços de deslocamento que conectem pessoas e rompam fronteiras. “Pensar em empresas de conexões urbanas, não apenas de carros, nos dá liberdade para desenhar novas soluções”, destaca.
O setor automotivo não morre…
Apesar do horizonte de transformação, Giardelli resiste a aderir a radicalismos. Segundo ele, as mudanças não farão com que a indústria automotiva conhecida hoje acabe, mas se reinvente. O desafio das organizações neste caso, é rever estruturas internas, repensar antigos hábitos e lutar contra a resistência à mudança. “As culturas tradicionais não podem expulsar os desobedientes da inovação ou alimentar medo e pessimismo diante do novo cenário”, defende. Ele lembra de alguns exemplos de processos de mudança do passado: a fotografia não matou a pintura, nem a televisão acabou com o rádio.
Repensar modelos
Giardelli aponta que a economia brasileira se desenvolveu em torno da indústria automotiva tradicional e que agora é hora de repensar modelos. “O Rota 2030, por exemplo, não dá caminhos para a inovação radical. Cabe às empresas trabalharem por estes saltos localmente”, diz.