A carga tributária não é o único fator que justifica que o preço dos carros seja tão alto no Brasil. Conversamos com o professor do MBA em administração de empresas da cadeia automotiva da Fundação Getulio Vargas, Murilo Moreno, para conhecer as principais causas desses preços.
O primeiro fator, claro, são os impostos. O preço final quase dobra por conta deles. “Nos EUA, por exemplo, a média do imposto cobrado é de 7% a 9%, enquanto aqui ultrapassa os 40%”, diz Moreno.
Os juros também são muito mais altos. “O custo que as montadoras têm para financiar as vendas é muito maior que no resto do mundo. A taxa zero que está no mercado está embutida no preço”.
Outro ponto é o custo da parte eletrônica, que geralmente não é fabricada por aqui. “Temos que importar essa tecnologia. Por isso, o carro no Brasil normalmente tem menos tecnologia eletrônica”.
O volume de produção é outro fator que compõe o preço. “Quanto maior a produção, mais baixo o custo unitário. A indústria automobilística brasileira instalou um parque para mais de quatro milhões de carros por ano e está fabricando dois milhões. Então, todas as fábricas têm um custo fixo maior que o ideal”.
Finalmente, em alguns casos as marcas podem ditar o preço do mercado porque têm carros mais procurados. “O Corolla, por exemplo, é líder de vendas mundial, tem uma imagem que faz com que seja mais desejado. Nesse caso, a Toyota pode cobrar um pouco mais, porque as pessoas estão dispostas a pagar”, diz Moreno.
Valor Econômico – por Dora Martinelli e Alberto Cataldi