A Jaguar Land Rover aguarda as definições do governo federal acerca da próxima fase do Inovar-Auto para definir as novas diretrizes da fábrica de Itatiaia (RJ). A montadora ainda não decidiu se deve exportar a partir do Brasil.
Segundo o grupo britânico, o cronograma da unidade está dentro do planejado e a planta opera, hoje, com um turno. No entanto, diante da queda do mercado de luxo no País, que em 2016 recuou acima de 23%, a produção poderia ser mais robusta.
“A operação da nossa fábrica não está completamente satisfatória, mas sabemos que se trata de um investimento de longo prazo”, afirmou nesta quinta-feira (02) o presidente da Jaguar Land Rover para América Latina, Frédéric Drouin, que acaba de tomar posse do cargo.
O executivo não descarta exportar a partir do Brasil, entretanto, condiciona a operação à definição da nova fase do regime automotivo. “Precisamos ter regras claras pelo menos nos próximos dez anos. Sem essa previsibilidade, não é possível tomarmos nenhuma decisão.”
O diretor de mercados internacionais da companhia, Dimitry Kolchanov, acrescenta o custo-Brasil e os índices de nacionalização exigidos pelo Mercosul como condicionantes para começar a exportar na região. “É preciso analisar se vale a pena investir ainda mais em localização de componentes, o que é muito caro, para iniciar um processo de exportações na América Latina.”
Land Rover: produção local
A fábrica do sul fluminense recebeu investimentos da ordem de R$ 750 milhões e possui capacidade instalada de 24 mil unidades por ano em três turnos. Lá, são produzidos atualmente os utilitários esportivos Range Rover Evoque e o Discovery Sport, ambos da Land Rover. O grupo não informa se haverá produção local de algum modelo da Jaguar.
No ano passado, a montadora vendeu pouco mais de 7 mil unidades no Brasil. Cerca de 65% desse volume foi montado localmente, informa a empresa. “Ter uma operação industrial é importante para o fortalecimento da marca, principalmente porque o Brasil é um mercado grande. Mas todo investimento demanda retorno e temos certeza que haverá uma retomada das vendas no País”, avalia Drouin.
Com a forte queda do segmento de luxo, a BMW aproveitou uma oportunidade dentro do grupo e fechou um lote de exportação de pouco mais de 10 mil unidades para os Estados Unidos a partir de sua planta de Araquari (SC). Contudo, não há previsão se a marca ou suas concorrentes Audi e Mercedes-Benz têm intenção de contratos do tipo.
Enquanto isso, a recessão econômica veio como um verdadeiro balde de água fria na previsão das montadoras de um mercado premium em expansão até 2020.
“Consumidores com maior poder aquisitivo estão postergando a compra de um veículo novo, por isso o segmento de luxo caiu acima do mercado total”, avalia Drouin.
Regime automotivo
Em 2011, o governo anunciou a majoração em 30 pontos percentuais do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para importados, medida que, em princípio, valeria para o período de vigência da primeira fase do Inovar-Auto (2012-2017). Segundo fontes do mercado, isso teria contribuído para a chegada de novas fábricas ao País, principalmente no segmento premium.
Sobre o tema, Drouin prefere não se posicionar. “É preciso aguardar as novas políticas do governo.” Enquanto isso, o segmento de luxo continua patinando. Em 2016, as vendas de veículos premium somaram cerca de 47 mil unidades no País perante um mercado de 2 milhões de unidades.
“Há alguns anos, as montadoras sonhavam com um mercado de 5 milhões no Brasil. Agora, não é possível nem estimar quando retornaremos ao recorde de 3,8 milhões de 2012”, declara Drouin.
Ele informa que a Jaguar e a Land Rover ganharam 1,5 ponto de participação em 2016, para 15,8%. Sem abrir projeções, Drouin acredita que o mercado ficará estagnado neste ano. “Mas temos certeza que o País voltará a ter crescimento e o DNA da Jaguar Land Rover tem tudo a ver com o público brasileiro”, analisa. (DCI/Juliana Estigarríbia)