Salão de Detroit
Até o último domingo, dia 22, o Salão do Automóvel Internacional da América do Norte (nome oficial) terá se transformado em um novo marco, pelo que o presidente dos EUA, Donald Trump, quer colocar em prática. Mais conhecido como Salão de Detroit, poderá se tornar uma exposição centrada nos fabricantes americanos, sediados na região, que dominaram no passado a produção mundial de veículos.
Salão da exclusão?
O México sofrerá com esta política. Ford foi a primeira a interromper investimentos já em andamento, seguida pela FCA, que informou transferência de linhas de produtos. GM acaba de anunciar investimento de US$ 1 bilhão para criar 1.000 empregos nos EUA. Trump ameaça taxar as exportações mexicanas, apesar do acordo vigente de livre comércio.
Essa reviravolta pode aumentar o protecionismo no momento em que o Brasil admite abrir mais suas fronteiras e se integrar à cadeia mundial de manufatura.
Ainda é cedo para analisar desdobramentos. O enfraquecimento industrial do México pode ser bom para o País em médio prazo, embora dispense comemoração. Interessa é progredir pelos próprios meios.
Um evento de estreias
Chevrolet Tracker teve lançamento para a imprensa brasileira na semana passada em Detroit, sinal dos tempos… O SUV compacto recebeu pequenas alterações de estilo e o mesmo motor 1,5 turboflex do Cruze, bem mais forte que o anterior. Sucessor do Captiva, o Equinox revitalizado estreou no salão e também virá do México. Chegará ainda neste semestre e, como o motor citado será produzido na Argentina, esse concorrente direto do Jeep Compass reúne condições de fabricação local.
Novo EcoSport (apresentado antes no Salão de Los Angeles, em novembro) pôde ser visto de perto. A Ford só no dia 17 liberou fotos do Mustang ano-modelo 2018 (à venda em julho nos EUA), mas não está exposto no salão. Essa versão é a que será exportada para cá no início de 2018, com novo capô 2 cm mais baixo e câmbio automático de 10 marchas (!) para o motor V-8 agora com injeção direta (potência ainda não anunciada).
Detroit também viu estreias mundiais. Destaque para o novo BMW Série 5, aliviado em 68 kg e direção semiautônoma aperfeiçoado para atuar a até 210 km/h. Mercedes-Benz apresentou o Classe E cupê e o retocado GLA que se estenderá ao modelo produzido aqui. Audi destacou o conceito Q8, praticamente pronto, crossover para desafiar BMW X6 e Mercedes GLE Coupé.
Automóvel mais vendido nos EUA, novo Toyota Camry tem frente ousada inspirada nos modelos de luxo Lexus. Volkswagen exibiu o que será a nova Kombi com traços próximos ao definitivo e tração elétrica. Roubaram atenções o sedã de tração traseira Kia Stinger (o melhor trabalho de estilo da marca) e Nissan VMotion indicador da forte guinada no desenho dos futuros sedãs japoneses.
Denuncias também marcam o evento deste ano
Fato preocupante surgiu no Salão de Detroit, protagonizado pela EPA (Agência de Proteção ao Meio Ambiente, na sigla em inglês). Repetiu a mesma tática utilizada durante o Salão de Frankfurt de 2015 ao denunciar a Volkswagen por utilizar dispositivos ilegais no controle de emissões de motores Diesel. Agora, contra a FCA em picapes e SUVs a diesel. Se a agência usar o mesmo rigor, o impacto na empresa ítalo-americana pode ser incontrolável.