Indústria Automotiva
A KPMG divulgou os resultados da GAES 2017, pesquisa global com executivos de alto escalão da indústria automotiva. Foram consultados quase mil profissionais de 42 países. Os resultados, aponta a consultoria, indicam que o setor está perdido em meio a necessidade entregar inovação. Para 83% dos entrevistados, é provável que o modelo de negócio da indústria automotiva passe por disrupção em breve.
“O cenário é de diversificação da tecnologia de propulsão, legislações cada vez mais rigorosas em vários países, mudança no comportamento do consumidor e demanda crescente por conectividade e digitalização”, resume no relatório da pesquisa Dieter Becker, chefe global da área na consultoria.
Fusão auto digital
Segundo ele, há um dilema importante das empresas, e da indústria automotiva em geral, que não sabem como transitar entre o mundo digital e o automotivo. A questão, aponta, é que “estes dois universos estão aumentando a velocidade tão rapidamente na mesma direção que devem acabar convergindo completamente.” Na análise do executivo, o mundo online e o off-line se encontrarão logo e as companhias tradicionais do setor precisam se preparar para acompanhar o que chama de “fusão auto digital”.
Segundo a KPMG, a mudança pode significar que a venda de carros permaneça como uma receita importante para estas empresas, mas certamente não será a única. Há necessidade de desenvolver serviços e mergulhar nos negócios criados por dados, que permitem a customização da experiência do consumidor. Este processo não deve acontecer sem dor. Becker enfatiza algo sintomático evidenciado pela pesquisa: há preocupação maior das empresas em avançar na tecnologia para motores do que em conectividade e digitalização.
Confiras algumas conclusões da GAES 2017:
NOVAS TECNOLOGIAS DE PROPULSÃO
Sob a pressão da legislação, 50% dos participantes da pesquisa apontaram os carros elétricos como tendência número um para o setor automotivo, superando conectividade e digitalização, que aparece em seguida. A consultoria estima que, em 2023, o mercado global de carros eletrificados chegue a 110 mil unidades por ano, evolução moderada na comparação com os 90 mil modelos com a tecnologia vendidos em 2016. O market share, no entanto, tende a saltar dos atuais 4% para 7%, aponta.
Apesar de o carro elétrico ter sido apontado como tendência clara para os próximos anos, 78% dos executivos apontam que os motores a combustão interna permanecerão relevantes por muito tempo ainda. Fatia de 62% dos participantes sinaliza que os modelos com a tecnologia podem falhar no mercado por problemas na infraestrutura de recarga. A aposta é nas versões a célula de combustível, com 78% dos executivos concordando que esta será a real solução para a mobilidade elétrica.
Após o dieselgate, os motores a diesel tendem a ficar cada vez mais raros quando o assunto é veículos de passeio. O levantamento da KPMG mostra, no entanto, que o combustível deve continuar importante para caminhões e ônibus que percorrem longas distâncias, já que por enquanto não há solução limpa viável para substituir o derivado de petróleo.
CONSUMIDOR NÃO QUER MAIS TER UM CARRO
Um dos fatores determinantes para a indústria automotiva nos próximos anos é a falta de interesse do consumidor na posse do veículo. Dos respondentes 59% concordam que metade das pessoas que têm um carro atualmente, não terão mais interesse em possuir um veículo em 2025.
DESAFIOS DO VEÍCULO AUTÔNOMO
Quando o assunto é a tecnologia de condução autônoma, 86% dos entrevistados estão hesitantes que empresas de fora do setor automotivo conseguirão entregar produtos confiáveis.
Dos respondentes, 49% apontam que confiariam mais em uma marca premium quando fossem andar em um carro sem motorista e 37% iriam preferir uma montadora de alto volume, como Toyota e Volkswagen. Apenas 14% dos executivos acreditam que uma empresa do Vale do Silício seria capaz de desenvolver o automóvel mais confiável, com zero risco de acidente.
CONECTIVIDADE GERA RECEITAS
Enquanto o carro autônomo é visto no panorama futuro, conectividade já é uma realidade no setor automotivo. Dos entrevistados, 76% afirmaram que os automóveis conectados garantem 10 vezes mais receitas às empresas do que um modelo analógico. Parcela de 83% dos executivos respondeu ainda que as montadoras poderão obter receitas ao trabalhar com os dados dos clientes e consumidores, justamente como fazem muitas empresas de tecnologia atualmente, como Facebook e Google.