Depois de uma queda de 20% em 2016, o mercado de veículos acumula na primeira quinzena de 2017 um desempenho estável em relação ao ano passado, estimou nesta terça-feira, 17, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. Segundo ele, as vendas da primeira metade de janeiro ficaram “levemente abaixo” do resultado observado em igual período do ano anterior. “Mas tudo indica que vamos terminar janeiro um pouco melhor do que janeiro do ano passado”, disse.
Anfavea prevê crescimento de 4% em 2017
O primeiro mês de 2016 terminou com a venda de 155,3 mil veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Na avaliação de Megale, os resultados parciais de 2017 estão em linha com a previsão da Anfavea para o ano inteiro. “Nossa previsão para este ano é de crescimento de 4%, então se tivermos uma expansão de 4% em janeiro, já estará bom”, afirmou o executivo, que participou na manhã desta terça da abertura da 21ª edição da Fenatran, feira de transportes de carga.
Redução de juros pode ajudar
Sobre a redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, de 13,75% para 13% ao ano, e a consequente diminuição dos juros por parte de alguns bancos comerciais, Megale disse que os movimentos ainda não se traduziram em menor rigor das instituições financeiras para conceder crédito a quem deseja financiar um veículo. “Os bancos ainda estão um pouco escaldados com o que aconteceu no passado, ainda estão bastante criteriosos, mas eu acredito que à medida que a economia vai virando, o humor vai virando, mais gente vai buscando financiando e os bancos vão liberando o crédito”, disse.
Para Megale, mais importante do que a redução da Selic é a indicação de que teremos novas quedas nas próximas reuniões do Banco Central (BC). A única preocupação, ele ponderou, é que o consumidor, com a percepção de que os juros vão continuar caindo, acabe adiando a compra do veículo para um momento que ele julgue mais favorável. “A expectativa futura pode atrapalhar um pouco o presente”, afirmou.
Otimismo com a recuperação
De qualquer maneira, ele ressaltou que existe um prazo natural entre as reduções da Selic e as reações do mercado. O executivo mostrou, no entanto, que está otimista com a recuperação das vendas estimulada pela expansão do crédito ainda em 2017. “À medida que os juros vão caindo com mais velocidade, isso aumenta a velocidade de chegar na ponta final, e nessa hora esperamos que com um pouco de crédito o mercado comece a reagir”, avaliou.
O BC anunciou uma redução de 0,75 ponto porcentual (p.p.) na Selic em reunião ocorrida na semana passada, um movimento que surpreendeu a maioria dos analistas do mercado financeiro, que esperava diminuição de 0,50 p.p. Agora, para as próximas reuniões, as apostas se concentram em nova redução de 0,75 p.p, confirmando a intensificação do ritmo de flexibilização monetária. Logo após a redução da semana passada, o Bradesco e o Santander anunciaram reduções de suas taxas de juros, inclusive para financiamento de veículos.
BNDES
O presidente da Anfavea afirmou também que as mudanças anunciadas há duas semanas pelo BNDES mostram que o banco tem trabalhado para dar previsibilidade aos empresários e aos investidores.
“As mudanças deram uma visão de longo prazo: o banco avisou como vai ser a composição do financiamento nos próximos três anos, alargou o critério das empresas que podem ter acesso, o limite de faturamento das micro, pequenas e médias subiu de R$ 90 milhões para R$ 300 milhões, isso engloba um número maior de empresas”, afirmou o executivo. “Isso é o que temos pedido, os agentes econômicas podem olhar para os próximos três anos e saber o que vai acontecer”, acrescentou.
Cai financiamento para pesados a diesel
Para incentivar o aumento da frota de veículos menos poluentes, o banco anunciou no início do mês que vai diminuir gradualmente sua participação no financiamento para a compra de ônibus e caminhões movidos a diesel por grandes empresas. Ela irá de até 50% em TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) em 2017 para até 40% em 2018, caindo a no máximo 30% em 2019.
Megale disse também que, independentemente de uma possível alteração no cálculo da TJLP, o custo do crédito deve cair puxado pela queda da Selic. “Os financiamentos são compostos em parte pela TJLP e em parte pelo mercado. À medida que a Selic cai, a parte do mercado também cai, então acreditamos que o equilíbrio entre as duas taxas vão dar certa homogeneidade para os próximos três anos, o que é bom para o setor se programar”, afirmou. (DCI/Agência Estado)