Em 2016, mais de 5 mil trabalhadores por dia deram à família a notícia de que perderam o emprego. Ao todo, 12 milhões de pessoas estão desempregadas no país, o pior efeito da maior crise econômica que enfrentamos na história recente. Isso tem de acabar. A prioridade incondicional do governo e da iniciativa privada deve ser encontrar formas de criar o maior número de postos de trabalho o mais rapidamente possível. Não há, porém, uma frente única de ataque ao problema. Sua solução exige o retorno dos investimentos.
É necessário…
Para isso, é fundamental equacionar ao menos duas questões centrais: a restauração da confiança na capacidade de a economia voltar a crescer e a melhora radical no ambiente de negócios. Estes dois aspectos precisam caminhar simultaneamente, com a aprovação de medidas pontuais e reformas mais amplas que ponham o país de novo no rumo do crescimento.
Para recuperar a confiança
Para recuperar a confiança, é indispensável adotar reformas estruturais que gerem estabilidade fiscal. O primeiro passo foi dado com a emenda constitucional que limita o aumento dos gastos públicos por 20 anos. Mas não há dúvida de que a aprovação da reforma da Previdência, nos moldes em que o governo vem propondo, é imprescindível para o equilíbrio orçamentário de longo prazo. Sem a sustentabilidade da Previdência, o esforço feito até agora poderá ser em vão.
Para aperfeiçoar o ambiente de negócios
Para aperfeiçoar o ambiente de negócios, o país precisa retirar entraves ao funcionamento adequado das empresas e à contratação de mão de obra. É imperativo modernizar a legislação que rege as relações de trabalho, com destaque para a valorização das negociações coletivas e a regulamentação da terceirização. E muito tem de ser feito para dar segurança jurídica a empreendimentos, simplificar regras tributárias e atualizar marcos regulatórios, entre outras tarefas.
Grandes projetos de infraestrutura
Grandes projetos de infraestrutura, que contratam trabalhadores em larga escala, mas são naturalmente afetados pela falta de confiança, demoram muito para sair do papel e surtir efeitos. Seus investimentos só serão relevantes na diminuição do desemprego a médio e longo prazos. Há esperanças no campo do petróleo e gás, após a liberalização feita na lei que rege o setor. É possível revigorar áreas com resposta mais rápida, como saneamento e construção civil, com ênfase em empreendimentos habitacionais. Já há movimentos nessa direção.
Capacidade ociosa
A indústria ainda conta com um grau de ociosidade alto, o que dificulta contratações. Mas, num momento em que a demanda interna patina, alguns segmentos podem ter nas exportações o caminho natural para que as empresas retomem a produção, recuperem-se financeiramente e criem empregos. São exemplos de setores que têm muito a ganhar voltando sua operação ao mercado externo o automobilístico, o de calçados e o de aço. A área calçadista é a que tem melhor expectativa de empregos nos próximos meses. É preciso, pois, assegurar a rentabilidade dos exportadores.
O consumo pode melhorar
Apesar do alto grau de endividamento das famílias, o consumo pode melhorar um pouco com a queda das taxas de juros pelo Banco Central. Mas é preciso dar às empresas condições de renegociar suas dívidas financeiras com os bancos, para que elas ganhem fôlego e possam voltar a ficar em dia com seus compromissos fiscais e trabalhistas. Também é essencial que o BNDES retome o financiamento de longo prazo a custos compatíveis com a atividade industrial. Pelos indicadores, o Brasil já começou a melhorar, mas o processo será gradual. Quanto mais rápido avançarmos nas medidas citadas aqui, maior será a capacidade de criar empregos. Milhares de empresários identificam oportunidades até nos momentos ruins e estão só à espera de um cenário mais favorável para voltar a investir.