Acelen investindo em refino no Brasil

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Acelen investindo em refino

Com a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) e seus ativos logísticos associados, na Bahia, pela Petrobras para o grupo Mubadala Capital, com o pagamento de US$ 1,8 bilhão à estatal, foi criada a empresa Acelen para assumir a partir de 1º de dezembro de 2021 a gestão da Rlam, que passou a se chamar Refinaria de Mataripe. A Acelen hoje conta com mais de 1.200 colaboradores distribuídos entre a Refinaria de Mataripe, os Terminais Logísticos de Madre de Deus, Jequié, Itabuna e Candeias na Bahia, um escritório em São Paulo e 4 filiais operacionais nos Estados do Amazonas, Pará, Maranhão e Pernambuco. É responsável por cerca de 42% do abastecimento de toda a região Nordeste, com um investimento de mais de R$ 1,1 bilhão em 2022. Atua na produção de combustíveis (diesel, gasolina, querosene de aviação, bunker oil, GLP e óleos combustíveis), óleos básicos lubrificantes, produtos petroquímicos, especialidades (gases especiais, parafinas, solventes e enxofre) e asfalto.

Quem vem dialogar conosco para falar um pouco mais dos planos da Acelen para o Brasil e trazer importantes informações sobre os projetos são: o Consultor Técnico de Negócios para as áreas Comercial, Trading & Shipping da empresa, Angelo Cozzolino e o Gerente Comercial de Produtos especiais, Rodrigo Vivarelli.

Lubes em Foco: É um prazer para nossa revista fazer essa entrevista e também conhecer um pouco mais sobre a Acelen. Acreditamos ter sido um grande desafio para o grupo Mubadala e gostaríamos de saber inicialmente quais os maiores desafios para esse projeto?

Acelen: Abrir o setor de refino, antes totalmente verticalizado, é sem dúvida, um grande desafio em busca da competitividade, de um mercado justo, com condições de concorrência justa. A Refinaria de Mataripe é a segunda maior do Brasil, responsável por 14% da capacidade total de refino do país, 42% do abastecimento do Nordeste e 80% da Bahia. Por isso a garantia de isonomia na aquisição da matéria-prima é tão importante.
Além disso, foi necessário um grande investimento na modernização da planta, de R$ 1,1 bilhão apenas no primeiro ano de gestão, melhorando a segurança, a gestão ambiental, além da capacidade de produção em 22%.

Lubes em Foco: Recentemente, a empresa anunciou que pretende investir 12 bilhões de Reais nos próximos anos para se tornar um biorrefinaria em escala global. Como será esse projeto e qual o tempo para isso?

Acelen: Sim, a Acelen investirá mais de R$ 12 bilhões nos próximos 10 anos em um projeto de combustíveis renováveis, com geração de valor em toda cadeia, contribuindo substancialmente para acelerar a transição energética no Brasil. A principal aposta da Acelen será a produção de diesel e querosene de aviação renováveis por meio da Macaúba, um projeto único e transformador com uma planta nativa brasileira, renovando o compromisso da empresa com um futuro mais sustentável, inserindo o Brasil no desenvolvimento da economia verde mundial.

Para se ter dimensão do projeto, a área de plantio será de 200 mil hectares, priorizando terras degradadas, o equivalente a 280 mil campos de futebol. Além da Macaúba, serão cultivadas outras plantas de alto potencial energético, como o Dendê da Bahia. Ao longo do projeto, a expectativa é produzir 1 bilhão de litros de combustíveis verdes por ano, movimentar R$ 85 bilhões na economia, contribuir para geração de 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos e reduzir em até 80% as emissões de CO2 com a substituição do combustível fóssil, o que tornará a empresa uma das maiores produtoras de combustíveis renováveis do mundo.

O projeto foi estruturado para ter total sinergia com a Refinaria de Mataripe, aproveitando a infraestrutura existente de utilidades, tancagem e logística. Será construída uma unidade de geração de hidrogênio sustentável, para hidrotratamento dos combustíveis. A previsão é iniciar as obras em 2024 e iniciar a produção no primeiro trimestre de 2026.

Existirão também co-produtos de matéria-prima renovável que poderemos ter aplicações no mercado de especialidades. Serão novas oportunidades a serem exploradas no mercado brasileiro e mundial.

Lubes em Foco: Quais os planos de investimentos para o segmento de óleos básicos, visando melhorias na qualidade e elevando a confiabilidade técnica dos produtos?

Acelen: O Brasil importa 40% dos óleos básicos necessários para a produção de lubrificantes. Com o objetivo de ajudar a mudar esse cenário e transformar o setor de energia e refino do país, a Acelen tem investido na modernização da Refinaria de Mataripe, otimizando a sua produção com excelência operacional. Como resultado deste trabalho, em 2022, aumentamos em 162% a nossa produção de lubrificantes, e ganhamos 4% de market share no mercado brasileiro. Hoje, respondemos por mais de 10% da produção nacional, sendo os lubrificantes processados na unidade destinados, principalmente, aos mercados automotivo, industrial e farmacêutico.

Em agosto/23 iniciamos a Parada de Manutenção Programada da Destilação e Unidades de Lubrificante e Parafinas, onde serão investidos mais de R$ 200 milhões, visando aumento da confiabilidade operacional e reestabelecimento da capacidade de processamento projetada. As ações desenvolvidas englobam intervenções em mais de 2 mil equipamentos, contando com a participação de mais de 1.300 pessoas durante a Parada Programada.
É um intenso processo de revitalização da Refinaria, aumentando a sua confiabilidade e a qualidade dos produtos.

Lubes em Foco: Existem planos para a Acelen aumentar sua participação no mercado de básicos no Brasil?

Acelen: Hoje utilizamos apenas cerca de 40% da nossa capacidade instalada. Nosso foco inicial foi buscar novos petróleos para a produção de lubrificantes e parafinas. Este é um desafio superado. A meta agora é reestabelecer a confiabilidade operacional e ampliar nossa oferta de básicos no mercado brasileiro.

A Acelen é uma empresa em movimento e vamos continuar acelerando para reduzir a dependência brasileira de importação de óleos básicos.

Lubes em Foco: A utilização de vários tipos diferentes de petróleo na refinaria não poderia interferir em propriedades que afetam o desempenho dos lubrificantes?

Acelen: A Acelen segue rigorosos protocolos internacionais de qualidade e segurança nos seus processos para garantir que os produtos refinados atendam às normas vigentes e às necessidades do mercado. Temos também um laboratório próprio que testa nossas produções para comercialização. Quando da seleção do Petróleo já avaliamos as características, visando o atendimento da qualidade desejada para a produção de Óleos Básicos Lubrificantes.

Lubes em Foco: Como você vê o relacionamento da Acelen com o mercado produtor de óleo acabado, em termos de suporte técnico e exigências de formulações?

Acelen: A Acelen vem investindo visando melhoria constante da qualidade do Óleo Básico Lubrificante, atualmente utilizado por mais de 50 clientes produtores de lubrificantes acabados. Além disso, estamos desenvolvendo Petróleos Alternativos visando a garantia de matéria-prima para ampliação da produção de Óleos Básicos e de portfólio de produtos.

Lubes em Foco: Existem planos para a introdução de novos graus de viscosidade de óleos básicos no mercado?

Acelen: Nesses primeiros anos estamos buscando a melhoria da confiabilidade operacional das Unidades e consequentemente do suprimento dos dois principais Óleos Básicos produzidos pela REFMAT, o Neutro Médio 220 e o Bright Stock 140.
A partir de 2024, buscaremos a ampliação do Portfólio de Óleos Básicos Lubrificantes com novos produtos a serem ofertados pela Acelen.

A Inovação está no DNA da Acelen. Buscaremos sim novos produtos para atender às necessidades do mercado.

Lubes em Foco: Quando a Acelen voltará a produzir o Bright Stock em Mataripe?

Acelen: A partir de Outubro/2023, após a Parada de Manutenção Programada, a REFMAT voltará a ofertar o Bright Stock 140 em seu portfólio.

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