Novos negócios com motores diesel
Novos negócios com motores diesel – Nos últimos anos as fabricantes independentes de motores perderam volumes no mercado brasileiro. Sobretudo com a extinção da Ford Caminhões e a retomada, por parte das montadoras, da manufatura de certos modelos – como ocorreu com o motor Volvo, antes produzido pela MWM. O quadro, que de alguma forma pode denotar restrição dos negócios, representa, por outro lado, uma espécie de nova onda no segmento de motores diesel, mesmo na era da eletrificação.
Para Adriano Rishi, presidente da Cummins, um novo horizonte de oportunidade se abre para as fabricantes independentes de motores a medida que as montadoras ficam cada vez mais focadas no desenvolvimento de novas tecnologias, como é o caso da eletrificação, por exemplo.
Motores diesel na brecha da eletrificação
O executivo explicou na segunda-feira, 24, que esse cenário abre espaço para que a Cummins possa oferecer modelos de motores diesel que as montadoras já não conseguem viabilizar em sua linhas em termos de escala e custo.
“Hoje o que vemos é uma dificuldade [no OEM] em ter a capacidade financeira para fazer o aporte em todas essa tecnologias [de descarbonização]. Existem nichos onde as montadoras seguem atuando em mercados como o brasileiro, mas elas não têm massa crítica para investir com suas próprias pernas no desenvolvimento e produção desses motores, e aí entramos como fornecedor”, disse o executivo. “Existe uma dificuldade de se investir em todas as tecnologias ao mesmo tempo.”
O horizonte traçado pelo presidente da Cummins representa uma espécie de alento depois de anos em que o mercado regional apresentou mais tormentas do que águas calmas para as fabricantes independentes de motores.
Após a crise das vendas de caminhões, que eclodiu a partir de 2011 e derrubou os volumes de emplacamentos no país, veio a pandemia de Covid-19, que restringiu a produção nas linhas e, por último, a crise dos semicondutores.
Para seguirem em marcha, as fabricantes passaram, então, a exportar componentes intracompany e a diversificar os negócios, fornecendo motores diesel para geradores de energia, um mercado que se aqueceu nos últimos anos, principalmente ao longo da pandemia.
Diante da possibilidade de passar a produzir motores para montadoras que pretendem alocar seus recursos em projetos inéditos, não apenas a Cummins, como a MWM, poderão voltar a sorrir.
No caso da Cummins, segundo Nishi, há capacidade ociosa que poderia hoje ser preenchida com a produção de mais motores para o mercado doméstico de veículos comerciais. A MWM, agora sob o guarda-chuva da controladora Tupy, eventualmente também pode pensar em atender novos pedidos dentro desse contexto.
Integração da Meritor ainda em curso no Brasil
A Cummins concluiu a compra da Meritor em agosto, mas ainda segue o processo de integração das operações aqui no Brasil, dando luz à Cummins-Meritor, empresa cuja receita conjunta soma R$ 5,5 bilhões e cria uma operação com mais de 3 mil funcionários. De acordo com Adriano Rishi, ainda está sendo estudada a nova estrutura diretiva que vai conduzir a gestão da empresa.
Outro assunto em avaliação é a produção da Meritor em uma nova unidade instalada em Roseira (SP), assunto que esfriou com a chegada da pandemia. “Seguimos avaliando a capacidade e a demanda que justifique uma nova fábrica, que não precisaria ficar necessariamente em Roseira”, contou Rishi.
O que já está definido pela Cummins é que em 2023 os volumes de exportação de componentes e motores a partir da fábrica de Guarulhos (SP) deverão aumentar. “Hoje nós exportamos 10% da nossa produção de motores. Em 2023 vamos aumentar para 20%. Vamos exportar mais porque nosso custo é muito competitivo na comparação com outras unidades da empresa no mundo.”