Marcos Thadeu Lobo
Engenheiro Mecânico Graduado Pela Universidade Estadual De Campinas ( Unicamp ) em 1985. Ingressou na Petrobras Distribuidora S/A em 1986 como profissional de Suporte Técnico em Produtos. E atualmente exerce a função de Consultor Técnico Sênior.
O padrão industrial ASTM D6185 define um protocolo para se avaliar misturas binárias de graxas lubrificantes comparando-se as propriedades ou desempenho relativo com o das graxas individuais que compõe a mistura. Assim, quando for necessária a substituição de uma graxa por outra de mesmo espessante ou de diferente espessante, alguns procedimentos podem ser tomados.
O princípio do ensaio da ASTM é misturar e cisalhar, sob condições controladas e idênticas, as duas graxas em várias proporções de mistura determinando-se, após breve período de repouso à temperatura ambiente, qualquer mudança na estabilidade estrutural da mistura quando comparada com a estabilidade das graxas individuais. Porém, este procedimento é demorado, custoso e não totalmente confiável.
Os principais procedimentos recomendados para substituição de graxa são:
1.Verificar se os espessantes que compõem as graxas são compatíveis entre si. Sendo compatíveis, o risco de incompatibilidade é bastante baixo e a substituição terá boa probabilidade de ser exitosa. A tabela, abaixo, analisa a compatibilidade de alguns tipos de espessante.
Figura 1 – Tabela de compatibilidade de espessantes de graxas
- Efetuar lubrificação, do mancal de rolamento em repouso, com pistola graxeira manual bombeando lentamente graxa nova até que comece a ser purgada pelo bujão de alívio de graxa ( plug de dreno de graxa ) situado na caixa do mancal de rolamento. Graxas de mesmo espessante de diferentes fabricantes ou graxas de diferentes espessantes, em geral, tem colorações distintas.
Figuras 2/3 – Lubrificação à graxa de mancal de rolamento
- Quando a nova graxa começar a ser purgada pelo bujão de alívio de graxa ( plug de dreno de graxa ) interromper a operação, manter o citado bujão ( plug ) aberto e operar o mancal de rolamento por cerca de 30 minutos de forma a que a nova graxa atinja a temperatura de operação, expanda-se e expulse qualquer graxa ainda remanescente na caixa do mancal de rolamento. Após isto, fechar o bujão de alívio de graxa ( plug de dreno de graxa ) e operar o maquinário normalmente.
Figura 4/5 – Operar o equipamento por cerca de 30 minutos
- Repetir a operação após uma semana de operação para assegurar que toda a graxa antiga foi removida da caixa do mancal de rolamento.
- Após isto, deve-se continuar a monitoração regular da condição dos mancais de rolamento através de monitoramento de temperatura, análise de vibrações, vazamentos de graxa pelos retentores, separação anormal entre o óleo lubrificante que compõe a graxa e o espessante ( bleeding ou sangramento ), inspeção por ultrassom, termografia etc.
Figuras 6/7 – Monitorar a condição do mancal de rolamento após a substituição de um tipo de graxa por outro
A substituição de graxas por espessantes similares ou de espessantes diferentes é operação que, se necessária deve ser realizada com bastante critério sob pena de ocorrência de avarias catastróficas em mancais de rolamento. Porém, se a substituição for necessária e ocorrer conforme os procedimentos anteriormente sugeridos os riscos de danos aos mancais de rolamento serão bastante minizados e disponibilidade do maquinário móvel ou industrial não será prejudicada.
Figuras 8/9 – Avaria catastrófica em mancais de rolamento