Marcos Thadeu Lobo
Engenheiro Mecânico Graduado Pela Universidade Estadual De Campinas ( Unicamp ) em 1985. Ingressou na Petrobras Distribuidora S/A em 1986 como profissional de Suporte Técnico em Produtos. E atualmente exerce a função de Consultor Técnico Sênior.
Fuligem
A fuligem é gerada em motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T como resultado da combustão incompleta do combustível. Idealmente, a combustão completa do combustível na câmara de combustão produziria, apenas, dióxido de carbono e água. Porém, nenhum motor de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T é totalmente eficiente.
Figuras 1/2 – Formação de fuligem em motores de combustão interna 2T/4T
Em face da forma como o combustível é injetado e entra em ignição, a formação de fuligem ocorre mais comumente em motores de combustão interna Ciclo Diesel 4T que nos de Ciclo Otto 4T. Dessemelhante, de motores de combustão interna Ciclo Otto 4T onde a mistura ar/combustível entra em ignição através de uma centelha, a mistura ar/combustível nos motores de combustão interna Ciclo Diesel 4T entra em combustão espontaneamente em função das elevadíssimas temperaturas e pressões existentes na câmara de combustão.
Nos motores de combustão interna Ciclo Diesel 4T, o ar e o combustível não se misturam tão cabalmente como ocorre em motores de combustão interna Ciclo Otto 4T e, em decorrência disto, formam-se regiões de alta concentração de combustível que geram fuligem quando entram em ignição.
Ao passo que a maioria da fuligem é expelida através do tubo de escapamento, parte dela passa entre as folgas dimensionais existentes entre os anéis de segmento dos êmbolos e camisas e entre hastes e guias de válvula, o que termina por contaminar o óleo lubrificante do cárter e provocar o seu escurecimento.
Figuras 3/4 – A fuligem contamina e escurece o óleo lubrificante do cárter
Partículas de fuligem são compostas de 98% em peso de carbono ( C ) e são, tipicamente, esféricas em sua forma. Ao passo que as dimensões das partículas de fuligem tem dimensões médias < = 1 mícron, elas podem se aglutinar e formar partículas de dimensões maiores. Partículas individuais de fuligem apresentam pequenos riscos de desgaste às peças dos motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T. Partículas aglomeradas, no entanto, representam maior risco de desgaste e os atuais aditivos dispersantes presentes nos óleos lubrificantes de motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T destinam-se a impedir que as partículas individuais de fuligem formem aglomerados que possam provocar desgaste dos elementos móveis.
Figuras 5/6 – Ação da aditivação dispersante no óleo lubrificante de cárter
Em motores de combustão interna Ciclo Diesel 4T, em face da combustão parcial do Óleo Diesel Rodoviário ( B S500/B S10 ), há formação bastante mais intensa de material particulado sólido carbonoso de cor escura ( fuligem ) que em motores de combustão interna Ciclo Otto 4T e estes resíduos carbonosos ao passarem entre os anéis de segmento e as camisas dos cilindros ou entre as hastes e os guias de válvula levam ao escurecimento quase imediato do óleo lubrificante após a entrada em operação. Para impedir que material particulado sólido carbonoso de cor escura ( fuligem ) se deposite nas partes frias ( tampas dos balancins, cárter ) e quentes ( canaletas e saias de êmbolos ) sob a forma de borras e vernizes aditivação denominada detergente dispersante mantém o citado material finamente disperso e em suspensão para remoção quando se troca a carga de óleo lubrificante.
Figuras 7/8 – O escurecimento do óleo lubrificante em motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T é muito rápida após o início de operação.
Em face do exposto podemos dizer que a avaliação da condição do óleo lubrificante observada na vareta de nível de óleo lubrificante pode conduzir a conclusões enganosas sendo necessário análise das propriedades físico-químicas do óleo lubrificante do cárter para decisões mais seguras.
Figuras 9/10 – A cor do óleo lubrificante na vareta de nível pode enganar