O II Seminário sobre Lítio, organizado pelo Centro de Tecnologia Mineral – CETEM, reuniu, no dia 21 de julho, no Rio de Janeiro, diversas entidades relacionadas de alguma forma a esse mineral, para discutir as perspectivas tecnológicas e de mercado para os compostos de lítio, com especial atenção ao atendimento do setor de baterias para veículos elétricos e híbridos e da produção nacional de graxas lubrificantes.
A Companhia Brasileira de Lítio (CBL), representada por seu diretor de Operações, Sr. Paulo Renesto, apresentou os seus números de produção e tecnologia, além do trabalho que tem desenvolvido ao longo dos anos para a adequação da qualidade do hidróxido de lítio às necessidades do mercado. A CBL é a única fornecedora de hidróxido de lítio para a indústria de lubrificantes.
A palestra do coordenador da Comissão de Lubrificantes do IBP, Pedro Nelson Belmiro, mostrou a importância do hidróxido de lítio para a indústria produtora de graxas lubrificantes, que sozinha consome cerca de 90% da produção brasileira.
Desafios para a indústria de graxas
Uma das queixas do segmento de graxas é a impossibilidade de importar o hidróxido de lítio em qualquer quantidade, para obter preços competitivos. Todo pedido de importação precisa ter a anuência a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEM, que tem negado ou restringido a quantidade a cerca de 30 Kg por ano.
Isso está determinado por uma lei de 1997 que foi renovada até 2020, sob a alegação de ser o lítio um mineral estratégico devido ao seu uso em energia nuclear. Enquanto isso, a indústria de lubrificantes vem comprando o hidróxido de lítio a um preço muitas vezes superior ao do mercado internacional.
Nos últimos meses, devido à disparada dos preços internacionais, por causa da demanda das baterias para celulares e carros elétricos, os preços nacionais ainda guardam uma proporção superior a 1,5.
De acordo com produtores da indústria de graxas, existe um mercado de graxas de lítio na América do Sul que poderia ser perfeitamente atendido a partir do Brasil, mas não há competitividade devido aos preços do hidróxido de lítio nacional.
A Eletronuclear, uma empresa de economia mista, responsável pelas usinas nucleares de Angra dos Reis, mostrou em apresentação do seu diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente, Dr. Leonam Guimarães, que todo o lítio utilizado para os processos da empresa, como o sistema de resfriamento dos reatores, é importado, devido às exigências de qualidade.
Além do CETEM, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), outras entidades governamentais também participaram com palestras técnicas. Entre elas o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral – DNPM e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM, ambas ligadas ao Ministério de Minas e Energia – MME, e também a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC.