UE e Mercosul se reúnem para avanço no acordo comércial

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União Europeia e Mercosul

A União Europeia (UE) e o Mercosul voltarão a se reunir dias 30 e 31, em Bruxelas, em nível técnico e de ministros, com a expectativa de avançar na barganha para concluir o acordo de livre comércio birregional.

Nas discussões que antecederam o convite da comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, aos ministros do Mercosul, o bloco do Cone Sul deixou claro que só faria sentido essa reunião se os europeus aparecessem com a oferta melhorada para produtos como carne bovina e etanol.

Mercosul entende que a oferta final já foi feita

O Mercosul entende que, de sua parte, a oferta final já foi feita. Em Buenos Aires, em dezembro, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai aceitaram abolir de maneira acelerada, em dez anos, as alíquotas de importação de 60% do que importam da UE, em vez de 15 anos, como vinham defendendo. Antes, só 19% tinha liberalização em dez anos.

No geral, o Mercosul atendeu demanda da UE e se comprometeu a eliminar tarifas em 90% das importações originárias da Europa comunitária. No entanto, em Buenos Aires os europeus embolsaram a concessão, mas alegaram de novo que não estavam prontos para reagir.

Agora, depois de apresentar esta semana o estado da negociação a seus colegas comissários, a comissária de Comércio confirmou o encontro com o Mercosul para “a fase final” de conversações em direção ao acordo birregional.

A opinião da UE

A UE diz que os Estados-membros estão sendo consultados sobre cada etapa das negociações e espera avanços no acesso a mercado para produtos industriais e agrícolas, especialmente carros e autopeças, além de produtos lácteos, regras de origem, proteção de indicações geográficas e oportunidades em serviços marítimos.

Para o Mercosul, tudo depende de equilíbrio nas barganhas. De seu lado, a Confederação Nacional da Industria (CNI), calcula que o acordo birregional poderá triplicar o acesso a novos mercados para os bens brasileiros. Em comparação, todos os acordos de comércio assinados pelo país só cobrem 8% do comércio do mundo.

Segundo a CNI

Segundo a CNI, os produtos brasileiros passarão a ter acesso preferencial a 25% do mercado global com o acordo com a UE, o que poderá estimular investimentos europeus no Brasil. Atualmente, a UE é o principal investidor estrangeiro no país.

Para a UE, o acordo com o Mercosul oferece “oportunidade histórica que terá impacto positivo no crescimento e criação de emprego nos dois lados do Atlântico”. Diz que também vai ajudar a construir pontes entre as duas regiões e enviar um sinal ao resto do mundo sobre a importância de um comércio mutuamente benéfico e baseado em regras, numa clara mensagem na direção oposta à tomada por Donald Trump, nos Estados Unidos.

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, deverá ir a Bruxelas, acompanhado de representantes do MDIC e do Ministério da Agricultura.