Petrobras reduz investimentos
SÃO PAULO (Reuters) – A Petrobras informou nesta quinta-feira que o seu Conselho de Administração aprovou investimentos de 75,7 bilhões de dólares dentro do novo plano de negócios para o período de 2020 a 2024, redução de 10% ante o programa anterior, segundo fato relevante.
Os investimentos se comparam a uma previsão de 84,1 bilhões de dólares anunciada em dezembro do ano passado para o plano do período de 2019 a 2023.
Por volta das 11:50, as ações preferenciais da Petrobras caíam 0,75%, a 29,11 reais, entre os destaques negativos do Ibovespa, que subia 0,17%, com a produção esperada para 2020 ficando praticamente estável da projetada para 2019. As ações ordinárias da companhia recuavam 0,7%.
Do total de investimento previsto até 2024, Petrobras afirmou que destinará 85% para atividade de exploração e produção, ou 64,3 bilhões de dólares. No plano anterior, a projeção para E&P era de 68,8 bilhões de dólares em cinco anos.
A redução nos investimentos totais ocorre em meio a um grande programa de vendas de ativos, que deverá envolver cerca de metade do parque de refino, entre outras unidades, com a empresa focando na exploração do pré-sal.
Os desinvestimentos previstos no plano deverão variar entre 20 bilhões a 30 bilhões de dólares para o período 2020-2024, tendo a maior concentração nos anos de 2020 e 2021.
A empresa tem a meta de reduzir em cerca de metade a capacidade de seu parque de refino, para 1,1 milhão de barris ao dia, concentrando as atividades no Sudeste, principal polo consumidor do país.
A projeção é de que a venda das refinarias alcance vários bilhões de dólares.
Produção
Com a força do pré-sal, a Petrobras prevê produção total de óleo e gás em 3,5 milhões de barris de óleo equivalente ao dia em 2024, ante 2,7 milhões boed projetados para 2020.
Para a meta de produção de 2020, a empresa disse que considera uma variação de 2,5% para mais ou para menos.
A companhia ressaltou ainda que decidiu apresentar uma visão de produção comercial, a fim de representar o impacto econômico da extração, deduzindo os volumes de gás reinjetados nos reservatórios, consumidos em instalações do E&P e queimados nos processos produtivos.
A produção comercial de petróleo e gás, dessa forma, foi estimada em 3,2 milhões de barris de óleo equivalente ao dia em 2024, ante 2,4 milhões de barris em 2020.
“No longo prazo, a trajetória de crescimento é suportada pelos novos sistemas de produção —majoritariamente no pré-sal, com maior rentabilidade e geração de valor— e pela estabilização da produção na Bacia de Campos”, completou.
Considerando apenas petróleo, a Petrobras estimou produção em 2020 de 2,2 milhões de barris ao dia, ligeiro aumento ante a projeção de julho para 2019 (2,1 milhões de barris ao dia, com variação de 2,5% para mais ou para menos).
Até 2024, a produção de petróleo da companhia deverá aumentar para 2,9 milhões de barris.
Para o Credit Suisse, o programa desaponta no curto prazo, mas traz uma perspectiva positiva para o longo prazo.
O analista Regis Cardoso afirmou que a estimativa de produção de petróleo para 2020 veio abaixo de sua previsão, que era de 2,4 milhões de barris/dia.
Contudo, os 2,9 milhões de barris esperados para 2024 estão acima dos 2,4 milhões projetados pela instituição. O capex veio em linha com o estimado, disse o analista em nota a clientes.
Segundo a Petrobras, a meta de curto prazo “reflete principalmente as perdas de volumes relacionados ao declínio natural dos campos maduros e à maior concentração de paradas de produção para o aumento da integridade dos sistemas, parcialmente compensados pelo ramp-up das novas plataformas”.
Segundo a estatal, a curva de produção não contempla desinvestimentos, com exceção do volume de campos na Nigéria e de Tartaruga Verde, cujas transações já foram assinadas e os fechamentos estão próximos de ocorrer.