Produzindo biolubrificantes com cascas de caju

132
Português
Español/Castellano
English
Produzindo biolubrificantes do caju
De cor preta, o líquido da casca da castanha de caju é extraído durante o processo de obtenção da amêndoa da castanha de caju. Foto de Viktor Braga/UFC

Produzindo biolubrificantes do caju

Produzindo biolubrificantes do caju – A criação de biolubrificantes a partir do subproduto líquido extraído durante o processamento da castanha de caju é objeto de uma nova patente conquistada pela Universidade Federal do Ceará, informou a Agência UFC na semana passada. O líquido consiste principalmente de um composto do tipo fenol que reduz o atrito entre os metais.

A agência da UFC divulgou anteriormente relatórios sobre o uso do líquido na geração de outros produtos, incluindo inseticidas, antimicrobianos e antifúngicos. A agência observou que o uso de óleos vegetais em biolubrificantes pode gerar preocupações quanto à sua produção entrar em conflito com os setores agropecuário e alimentício devido à necessidade de grandes áreas para o planejamento da matéria-prima e aos altos custos econômicos ou sociais.

Pela patente, o lubrificante obtido a partir do líquido da casca da castanha de caju é apresentado como uma alternativa por ser um subproduto normalmente extraído durante o processamento da castanha de caju para obtenção da amêndoa – principal objetivo da indústria da cajucultura. “Por já estar inserido em um processo produtivo bem estabelecido, o uso do [líquido da casca da castanha de caju] contorna os problemas de custos e conflitos apresentados pelos óleos vegetais”, disse a Agência UFC em sua reportagem.

A agência UFC explicou que o líquido da casca da castanha de caju funciona como matéria-prima para a produção de biolubrificantes porque é composto principalmente por um composto do tipo fenólico – o cardanol – que adere a superfícies metálicas de forma compacta, formando um filme que ajuda a reduzir o atrito e desgaste causado pelo contato entre metais.

Pela patente, um processo de destilação molecular obtém o cardanol em alta pureza, removendo outros componentes existentes no líquido da casca da castanha de caju que possam interferir no processo de síntese química, explicou a professora Selma Mazzetto, coordenadora do Laboratório de Produtos e Tecnologia em Processos da UFC e um dos inventores que assinaram a patente.

“O principal objetivo da nova patente é justamente a produção de biolubrificantes a partir dessas reações que podem ser consideradas ecologicamente corretas, com um processo produtivo com menos resíduos poluentes e com a utilização de materiais menos nocivos ao meio ambiente”, Agência UFC disse em seu relatório.

Mazzetto observou que o desenvolvimento do produto líquido da casca da castanha de caju como matéria-prima para biolubrificantes aproveita a força da indústria da castanha no Brasil, especialmente no Ceará. “A grande vantagem de produzir e utilizar esses biolubrificantes está relacionada à valorização de um insumo de origem regional, do qual o Ceará é o maior produtor, e que atualmente não tem uma aplicação nobre”, afirmou. “Com o desenvolvimento desse tipo de produto tecnológico, podemos esperar um grande impacto socioeconômico para nossa região.”

Os investigadores estimam que são necessários cerca de 10 quilos de castanha de caju para obter um litro do subproduto líquido, disse o professor, lembrando que a rota sintética para obtenção de biolubrificantes a partir do subproduto líquido indica rendimentos da ordem dos 80-90%. , dependendo do tipo de biolubrificante.