Anfavea prevê produção menor
Após contabilizar expressiva queda de 50,5% nos volumes produzidos no primeiro semestre do ano (729,5 mil unidades) na comparação com o mesmo período de 2019, a associação dos fabricantes, a Anfavea, divulgou na segunda-feira, 6, sua primeira projeção de produção refeita após a chegada da pandemia de coronavírus ao Brasil. A entidade espera por retração de 45% no total de veículos montados em 2020, o que representa 1,63 milhão, o número mais baixo registrado desde 2002.
Para alcançar reduzido o número projetado pela Anfavea, a indústria terá de fabricar cerca de 150 mil unidades/mês de julho até dezembro, outro valor que não se vê há anos, de tão baixo.
Após mais de dois meses em que a maioria das fábricas parou por causa da pandemia, o setor voltou a registrar aumento na produção em junho, com 98,7 mil unidades montadas e alta de 129,1% em relação a maio. Esse crescimento já era esperado, como observou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, já que mais montadoras voltaram a produzir no mês passado, continuando o movimento iniciado em maio – entre as associadas à entidade, apenas a Honda ainda não retomou suas operações em Sumaré e Itirapina (SP), o que irá ocorrer no próximo dia 13.
Contudo, na comparação com junho de 2019 (quando as fábricas montaram 233 mil unidades), a redução este ano foi de 57,7%. Olhando para o primeiro semestre, a perda foi de um trimestre inteiro, pois foram produzidos cerca de 750 mil veículos a menos em relação ao ritmo do ano passado.
CAMINHÕES E EMPREGOS TAMBÉM CAEM
O segmento de veículos leves foi o que apresentou a maior evolução no total de unidades produzidas, com alta de 142,6% em relação a maio, mas, em compensação, também foi o que exibiu a maior queda na comparação semestral, com variação negativa de 51,2% diante do resultado obtido nos seis primeiros meses do ano passado. Foram 685.799 automóveis e utilitários fabricados este ano, contra 1,4 milhão em 2019.
Já entre os caminhões, o crescimento da produção em junho foi mais tímido (39% ou 5,6 mil veículos fabricados em junho, ante 4,1 mil unidades em maio), mas, em compensação, a diferença em relação a 2019 também foi menor: -37,2%. Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, explica que isso se deveu ao fato de as fabricantes terem retomado suas operações antes das montadoras de veículos leves.
Os estoques também estão relativamente altos, segundo o presidente da Anfavea, e aqui vale uma explicação. Embora o número oficial seja de 36 dias, na prática esse dado foi “inchado” pelos licenciamentos que estavam atrasados por conta do fechamento de unidades do Detran por todo o País. Assim, na prática, os pátios de fábricas e revendas contam com estoques para 46 dias, enquanto o ideal, de acordo com Moraes, é que esse número seja suficiente para 30, 35 dias. Para fazer esse ajuste, as fábricas também terão de adequar seus ritmos de produção.
A crise provocada pela pandemia de Covid-19 também se refletiu no nível de emprego do setor, iniciando um novo ciclo de demissões. Os números apresentados pela Anfavea mostram que houve redução de 0,8% (1,1 mil vagas) no número de funcionários das montadoras em junho na comparação com maio. Em relação a junho do ano passado, porém, a diminuição foi de 4%. Vale lembrar que esses dados se referem apenas aos empregos diretos gerados pelas empresas.