Venda da Braskem
LONDRES (Reuters) – A Petrobras planeja vender sua fatia na Braskem em no máximo 12 meses e discorda “fortemente” de planos da controladora na petroquímica, Odebrecht, reportados recentemente em notícias, de adiar a negociação do ativo, afirmou nesta sexta-feira o presidente da petroleira estatal, Roberto Castello Branco.
Na segunda-feira, a Reuters publicou que os credores do conglomerado de construção Odebrecht estavam em negociações avançadas para adiar a venda de sua fatia na Braskem por dois anos, podendo ainda estender o prazo por 12 meses.
“A Petrobras está fortemente comprometida em desinvestir na Braskem”, disse Castello Branco, ao participar de encontro com analistas e investidores em Londres para explicar o Plano Estratégico 2020-2024, lançado na semana passada.
“Nós lemos recentes notícias de que a Odebrecht, que controla a Braskem, propôs vender a companhia em 36 meses. Nós discordamos fortemente disso, nós queremos vender Braskem em, no máximo, 12 meses, para o mercado de capitais, transformando a empresa em uma ‘corporation’.”
No plano da Odebrecht, reportado pela Reuters, a empresa propõe a bancos credores manter o recebimento da maior parte dos dividendos pagos pela petroquímica e que os bancos esperem um período mais longo antes de tentar vender as ações do conglomerado na empresa, segundo duas fontes.
A ideia seria um período de “standstill” de 24 meses, durante o qual não seria feito nenhum pagamento de dívida e o conglomerado receberia 80% dos dividendos pagos pela Braskem, que hoje são quase toda a receita da Odebrecht. Depois desse período, os bancos poderiam concordar com uma extensão do standstill por mais um ano.
Um acordo formal ainda não foi fechado.
Em outubro, a Petrobras já havia defendido publicamente como uma alternativa a listagem da Braskem no Novo Mercado da bolsa paulista B3, como forma de agregar valor à petroquímica.
Para ser listada no Novo Mercado, a Braskem precisa ter apenas ações ordinárias em negociação, além de seguir uma série de regras de governança de alto nível.
A Odebrecht tem 38,3% da Braskem, ou 50,1% do capital com direito a votos, enquanto a Petrobras tem uma participação total de 36,1%, ou 47% das ações com direito a voto, segundo informações do site da companhia.
A Odebrecht, após ser um dos principais alvos da Operação Lava Jato, está reestruturando 51 bilhões de reais em dívida, uma das maiores reestruturações da história da América Latina.