Amparado mais fortemente na recuperação das vendas de caminhões e ônibus, o Banco Mercedes-Benz ampliou em 49% a receita com novos negócios no Brasil em 2018 em relação ao ano anterior, chegando a R$ 3,8 bilhões. Na carteira, o banco da montadora alemã somou ao final do ano passado no país R$ 9,6 bilhões – 20% a mais que o ano anterior.
Com a expectativa otimista do mercado e a edição da Fenatran deste ano, a direção do banco projeta crescimento de 15% neste ano. “Para nós, está claro que a crise que atingiu o setor foi definitivamente deixada para trás”, disse, nesta sexta-feira (18/01), o presidente do Banco Mercedes-Benz no Brasil, Christian Schuler. “2018, é um ano para ser relembrado.”
Banco Mercedes-Benz animado com juros baixos
Em dezembro, a instituição fechou, em novos negócios, R$ 409 milhões. Com crescimento de 558% sobre o mês anterior, acabou se tornando o melhor mês desde 2014, ano em que o banco atingiu seu recorde com a movimentação de R$ 4,4 bilhões em empréstimos a clientes de veículos Mercedes-Benz, sejam eles caminhões, ônibus, vans e automóveis.
“Em 2014, os financiamentos eram dominados pelo Finame, que ofertava juros muito baixos, até provocando antecipação de compra”, disse Diego Marin, diretor comercial do Banco Mercedes-Benz. “Ao longo do ano passado, houve uma inversão do mercado, com cerca dos 70% dos financiamentos sendo realizados pela modalidade CDC e o restante pelo Finame”, disse.
O que o diretor deu a entender é que a movimentação de R$ 3,8 bilhões em 2018 é muito mais robusta do que a de 2014, que só conseguiu atingir um recorde em razão de benesses do governo Dilma Rousseff com concessão de juros abaixo dos praticados pelo mercado naquela ocasião.
“A realidade é outra hoje, embora a inflação baixa também ajude a termos taxas menores de juros, impulsionando os negócios”, disse Marin. Para o diretor comercial, também precisa ser levado em conta a renovação da frota, que vinha sendo adiada nos últimos anos em razão do desabamento da economia.
Novos tempos
Todas essas notícias favoráveis no Brasil chegam num momento em que a Daimler prepara uma grande reestruturação visando se adaptar aos novos tempos. Investindo fortemente em tecnologia ao redor do mundo, o grupo alemão passará a se chamar Daimler Mobility, onde o Banco Mercedes-Benz continuará desempenhando um papel fundamental.
A mudança estratégica visa estruturar a empresa para sobreviver na nova era da mobilidade humana, onde a propriedade do veículo não terá tanta importância quanto nos dias atuais. A empresa vem ampliando fortemente o uso de tecnologias da informação para aumentar o uso de seus veículos tanto no transporte de pessoas quanto no de cargas.
Para dar conta da criação de novas ferramentas de conectividade, gestão de frota, autonomia, eletricidade e compartilhamento, Daimler e BMW devem apresentar em breve uma nova joint-venture que vai gerir todo o processo tecnológico, deixando as duas gigantes alemãs concentradas na produção de veículos cada vez eficientes e inteligentes.
“Neste novo mundo que se aproxima rapidamente (por enquanto, mais fortemente nos países desenvolvidos que no Brasil) o apoio financeiro continuará sendo importante para o acesso de nossos clientes a novas tecnologias”, afirmou Schuler, profissional que atua há mais de duas décadas no grupo Daimler e já passou por cinco países antes do Brasil, entre eles Argentina e Rússia.
Tecnologia também é o que não faltará nos negócios do banco por aqui. Para ter uma melhor compreensão dos clientes, o Banco Mercedes-Benz ampliará o uso de TI e da inteligência artificial para cruzar dados e aumentar o tempo de resposta para pedidos de empréstimos de seus clientes. “Essas tecnologias ajudarão a dar maior substância ao tornar o mercado de credito de veículo mais robusto e maduro no Brasil”, avaliou Marin.
Aumenta a satisfação dos clientes
No balanço de 2018, o Banco Mercedes-Benz financiou 47% dos caminhões da marca, 65% dos ônibus, 34% das vans e 53% dos automóveis. Pesquisas internas apontam para o aumento da satisfação dos clientes com a atuação do banco em todas a modalidades em que participaram, atingindo níveis de 90% numa escala até 100%.
No Brasil, a empresa aponta para a redução da inadimplência para níveis abaixo do pré-crise em 2014, embora o banco não divulgue os números. “Podemos dizer que estão bastante satisfatórios, resultado que nos permite oferecer ainda mais vantagens competitivas para todos os nossos clientes”, afirmou Schuler.
O executivo disse que está bastante otimista na projeção de crescimento de 15% de novos negócios neste ano. Além da perspectiva de aprovação de reformas pelo governo central, ele também se orienta pelo otimismo da base de clientes do banco e projeções dos fabricantes de veículos para este ano.