Fenabrave reduz expectativa de crescimento para veículos leves

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Fenabrave reduz expectativa de crescimento para veículos leves. Após resultado fraco de junho, entidade estima expansão abaixo de 10% em 2018.

Fenabrave reduz expectativa de crescimento para veículos leves
Fenabrave reduz expectativa de crescimento para veículos leves

Após o fraco resultado de junho, a Fenabrave, a federação dos concessionários, decidiu revisar para baixo sua expectativa de crescimento das vendas de veículos leves em 2018. Agora a entidade estima expansão de 9,7%, para 2,38 milhões de automóveis e comerciais leves emplacados no ano.

Esta já é a quarta revisão do ano: em janeiro a Fenabrave projetava avanço de quase 12%, subiu para 15,2% após o bom desempenho do primeiro trimestre, logo depois puxou a 13% silenciosamente (sem divulgação à imprensa) e agora colocou o porcentual abaixo de 10% pela primeira vez.

Fenabrave justifica o ajuste

O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., justifica o ajuste para baixo nas projeções da entidade por uma sequência de fatores negativos combinados. Segundo ele, o estrago causado na economia pela paralisação dos caminhoneiros não deve ser mais recuperado no resto do ano. Logo depois veio a Copa do Mundo com seu efeito natural de arrefecimento no movimento das concessionárias. Na sequência, vêm as eleições e suas incertezas.

“A greve dos caminhoneiros reduziu a confiança do consumidor e não será mais possível recuperar as vendas que perdemos nesse período. Por isso reduzimos a expectativa de crescimento do mercado de automóveis e comerciais leves”, afirma Alarico Assumpção Jr.

Outro fator negativo à frente é o reajuste de preços dos veículos, motivada principalmente pela alta da cotação do dólar, que subiu 16% só em junho, o que pressiona os custos de componentes e carros importados. A avaliação, contudo, é que apenas uma parte da desvalorização do real será repassada aos preços finais, devido a negociações com fornecedores e redução de margens.

Para compensar, pelo lado positivo, Assumpção Jr. lembra que os juros estão estáveis e a inadimplência do segmento é baixa, de 3,66% para pessoas físicas e 1,9% para jurídicas. “Isso aumenta a disponibilidade dos bancos em conceder financiamentos e ajuda nosso setor”, diz o dirigente. Ele destaca que já houve redução no número de fichas recusadas pelos bancos para abertura de crédito. Até o ano passado, de cada dez pedidos de crédito para comprar um carro, cerca de quatro eram vetados, hoje este número caiu para três.

Desaceleração

A intenção da Fenabrave em reduzir sua expectativa de expansão foi consolidada pelo fraco resultado das vendas de veículos leves em junho. Foram emplacados 195 mil automóveis e utilitários leves, número quase igual ao de maio, o que interrompeu o ritmo de crescimento que vinha sendo verificado mês a mês.

“A recuperação sobre o ano passado continua, mas porque a base de comparação é baixa”, lembra Assu8mpção Jr. O resultado de junho foi apenas 3,2% acima do registrado no mesmo mês de 2017.

Com isso, foi reduzido o porcentual de recuperação no ano, que no acumulado até abril se aproximava dos 20%. Com o emplacamento de 1,13 milhão de veículos leves no primeiro semestre de 2018, houve expansão de 13,7% na comparação com o mesmo intervalo de 2017. “O primeiro semestre só não foi melhor por causa greve dos caminhoneiros e da Copa”, justifica Assumpção Jr.

Apesar da desaceleração das vendas dos últimos dois meses e da paralisação de entregas de veículos novos, o estoque de veículos nas concessionárias seguiu estável em junho: 144 mil unidades, equivalentes a 36 dias de vendas.

O número de concessionárias no País também permanece estável em 6.108. Antes do período mais agudo da crise econômica, em 2014, existiam 7.330 lojas. Houve fechamento de 1.926 lojas e abertura de 704, com perda líquida de 1.222 pontos de venda em três anos. “Algo como 167 mil empregos foram perdidos com essa redução da rede de distribuição”, afirma Assumpção Jr.