Mineração de materiais para baterias no fundo do oceano pode causar danos irreversíveis

Estudo expõe os riscos da exploração nas profundezas do mar em busca de matéria-prima para peças de carros elétricos

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Mineração de materiais para baterias

Mineração de materiais para baterias

Mineração de materiais para baterias – O aumento na demanda por matérias-primas para fabricar baterias para veículos elétricos pode ser catastrófico e causar danos irreversíveis, por causa da mineração, aos ecossistemas dos oceanos. As informações são de um novo estudo divulgado pela Fauna & Flora Internacional (FFI), organização mundial de conservação da vida selvagem.

Mineradoras se preparam para começar a colher níquel, cobalto e cobre do fundo do mar em escala industrial pela primeira vez em 2024. Do outro lado, pesquisadores e defensores dos oceanos fazem apelos para barrar a exploração.

O site “The Verge” informou que estão em andamento em Kingston, na Jamaica, negociações para a criação de um novo código de mineração para o mar.

“O código de mineração garantirá maior proteção do ambiente marinho, ao mesmo tempo em que estabelece os requisitos para o acesso e uso responsável ​​dos recursos essenciais para a luta contra a mudança climática”, garantiu Rory Usher, relações públicas e gerente de mídia da startup de mineração The Metals Company.Gonzalo Ibarzábal, presidente da Nissan

Reparação de ecossistemas pode ser impossível

O estudo da Fauna & Flora reúne pesquisas sobre o que existe nas profundezas do oceano e como isso pode ser afetado pela mineração para produção de baterias. Os cientistas chamam a atenção para uma área entre o Havaí e o México chamada Zona Clarion-Clipperton.

O oceano da região é coberto por nódulos polimetálicos semelhantes a rochas, ricos em níquel, cobre, cobalto e manganês. A zona também é rica em biodiversidade que os pesquisadores lutam para entender. Até 90% das espécies recentemente coletadas para estudo são completamente novas para a ciência e podem, em breve, enfrentar uma ameaça existencial.

Em 2021, a nação insular de Nauru afirmou ter planos para patrocinar os esforços de mineração da The Metals Company na Zona Clarion-Clipperton. A declaração desencadeou uma cláusula na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que exigiu da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês) a criação de novos regulamentos para a mineração dos nódulos até julho de 2023.

Como são milhões de anos para que os nódulos polimetálicos se formem, pode ser impossível reparar rapidamente os ecossistemas ao seu redor se a mineração nos oceanos começar, argumentam os autores do estudo divulgado nesta semana.

Poluição sonora é devastadora para vida marinha

A poluição sonora por si só da mineração pode ser devastadora para a vida marinha, mesmo a centenas de quilômetros de distância da ação, de acordo com uma outra pesquisa, publicada na revista “Science” no ano passado. Como vivem na escuridão, algumas espécies dependem de sua capacidade de sentir vibrações ou ruídos para evitar predadores ou encontrar parceiros e presas.

Além da interrupção e do ruído das máquinas que exploram o oceano, os pesquisadores também se preocupam com o impacto que as plumas de sedimentos podem ter ao se espalharem. O que pode sufocar outros ecossistemas e poluir a água.

O sedimento marinho também é um importante sumidouro de carbono, o que significa que mantém alguns dos gases de efeito estufa fora da atmosfera. Interferir nesse sedimento incorre em risco de liberar dióxido de carbono, o que agravaria as mudanças climáticas.

Autoridades de países como França, Alemanha e algumas pequenas nações insulares como Fiji, Palau e Samoa pressionam pelo adiamento da exploração no fundo do mar, com o apoio das gigantes da tecnologia Google e Samsung e das montadoras BMW e Volkswagen.

Como alternativa, as empresas defendem a mineração em terra. Opção, contudo, que historicamente também é marcada por crimes ambientais e de direitos humanos, conforme pontuou a reportagem do “The Verge”.