Educação para Prevenção

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Tip of the Iceberg — Image by © Ralph A. Clevenger/CORBIS

Causas e efeitos

Causas e efeitos – Atribui-se ao pensador alemão Goethe (1749 -1832) a seguinte afirmação: “O homem vê somente os efeitos. As causas, até as mais próximas, lhe são desconhecidas. Unicamente uns poucos, mais experimentados, mais atentos, que penetram mais fundo, logram acaso ver de onde brota o efeito”. Isso significa que a maioria das pessoas não percebe ou identifica as causas dos eventos que sucedem ao longo de suas vidas, e esse fato se apresenta como um desafio aos sistemas educacionais.

Na área ambiental, a falta da capacidade de relacionar causas e efeitos é assinalada pelo escritor Maciel de Aguiar em seu artigo “Tragédias anunciadas”, publicado em O Globo de 05/01/2014. Ele descreve a inundação devastadora do Espírito Santo, ocorrida em janeiro de 2014, assinalando que a catástrofe, resultante do desmatamento de encostas, assoreamento de córregos e rios, ocupação desordenada do solo na construção de vilas e cidades, implantação de fazendas de gado, monocultura de eucalipto e poluição industrial, foi prevista pelo naturalista Augusto Ruschi com meio século de antecedência.

Aspecto semelhante na área judiciária é apontado por Fernando Fragoso, presidente do Instituto dos Advogados do Brasil, no artigo “Educar para não punir”, também publicado em O Globo de 01/01/2014. Enfatiza o autor que, sem avaliar adequadamente as causas sociais e econômicas da criminalidade, a sociedade brasileira desenvolveu uma ideologia punitiva. Mal informada, ela clama pelo aumento das penas, conversão de crimes em hediondos e a imposição de regime carcerário fechado mesmo para infrações brandas.

Punir custa mais do que educar. O governo federal gasta cerca de R$ 40.000,00 anuais por cada presidiário, três vezes mais do que gasta com um estudante universitário. Segundo o Departamento Penitenciário Nacional, o Brasil tem cerca de 500.000 presos, a quarta maior população carcerária de mundo. Em virtude das precárias condições carcerárias, os condenados, em geral, saem dos presídios em piores condições físicas e psíquicas do que quando entraram.

A inclusão social é a única via para o desenvolvimento de uma sociedade justa. Por um lado, há necessidade de investimento para educar as crianças com valores que alicercem o pleno exercício da cidadania, reduzindo a probabilidade de que se tornem infratores e, por outro lado, de políticas públicas adequadas para a reinserção social e econômica de presidiários. No contexto atual, resta aos ex-presidiários reincidir no crime.

Na área de Saúde, a publicação “Expert forecast on emerging chemical risks related to occupational safety and health”, publicada em 2009 pela Agência Europeia para Segurança e Saúde no Trabalho, revela um imenso iceberg no campo da Patologia do Trabalho. De acordo com estimativas da Organização Internacional do Trabalho – OIT, a cada ano, cerca de 167.000 trabalhadores morrem em consequência de seu trabalho, na União Europeia.

Leia o restante do artigo na revista LUBES EM FOCO – edição 79, apresentada abaixo: