Demanda e preços dos carros
Fabio Braga, country manager responsável pelas operações da MegaDealer no Brasil, iniciou sua apresentação no segundo dia de lives do #ABX20 – Automotive Business Experience com um quadro que mostra a movimentação do estoque de veículos usados – baseado em dados coletados pela plataforma de negociação AutoAvaliar. Até março, um modelo usado demorava cerca de 42 dias entre seu ingresso no banco de dados até ser comercializado. Em maio, no auge da quarentena, esse prazo chegou a 69 dias, mas desde então vem caindo a cada mês, chegando a 32 dias em outubro. Ou seja, o carro está sendo negociado mais rápido agora do que era antes da pandemia.
De acordo com Braga, a média atual é impressionante e já é inferior até mesmo à média registrada em 2019, que foi de 48 dias. “Isso quer dizer que o mercado está vendendo carros usados em uma velocidade muito acelerada”, afirmou. “Contudo, quando se analisa os estoques das concessionárias, percebemos que existe uma grande disparidade, com marcas como Nissan, Citroën e Kia Motors com prazos superiores a 40 dias para girarem seus estoques de usados”, disse o executivo. “Em compensação, Caoa Chery, Renault, Hyundai, Toyota e Honda trabalham com prazos abaixo de 30 dias”, acrescentou Braga, lembrando que o tempo médio nas concessionárias é de 33 dias.
Com relação aos preços, Braga explicou que o valor médio dos usados adquiridos pelo público também é maior neste ano do que o registrado em 2019. Em junho, quando começou a retomada dos negócios – que haviam sido praticamente paralisados em março – o preço médio de negociação chegou ao pico de R$ 47,2 mil, e hoje está em R$ 45,6 mil. No ano passado, o valor médio dos usados foi de R$ 42,1 mil. Neste aspecto, de acordo com o executivo, a explicação pode estar no consumidor que deseja migrar do transporte coletivo para o carro próprio, por conta da preocupação com os riscos provocada pela pandemia.
Cenário bom para os negócios
Para quem trabalha no setor, a boa notícia é que as margens de lucro também vêm subindo a cada mês, e em outubro chegou ao nível mais alto até o momento, de R$ 6,1 mil por carro usado negociado. “Assim, estamos falando não só de um momento muito forte de venda de carros usados, mas também de boas margens, de um mercado pujante”, afirmou Braga.
Só que, ao mesmo tempo em que o mercado exibe números promissores, o executivo da MegaDealer apresentou uma preocupação referente ao volume de avaliações e de captações realizadas pela plataforma AutoAvaliar. Apesar de mostrar uma recuperação “em V”, ou seja, com queda e retomada muito rápidas, esse movimento de reação não está sendo tão forte quanto poderia ser, na avaliação de Braga, o que pode indicar falta de carros usados ou de estoque no mercado.
“O grande desafio, daqui para a frente, será assegurar que a reposição de estoque ocorra de forma linear e eficiente, a fim de evitar falta de produtos e queda no volume de vendas; é preciso ficar atento para não deixar que esse bom momento acabar”, afirmou Fabio Braga. |
Por fim, o diretor da MegaDealer disse acreditar que, pelo menos no curto prazo, demanda e preços vão continuar subindo, ainda pressionados por uma demanda reprimida, do lado dos consumidores, e pela instabilidade cambial e pela falta de insumos de outro. Além disso, o executivo lembrou que muitas montadoras ainda não conseguiram regularizar suas entregas, por causa da interrupção na produção provocada pela pandemia. “Acredito que até o fim do ano esse cenário deve permanecer e, talvez, se estenda até o início de 2021”, avalia.