Produção de veículos cresce novamente em setembro e é a maior do ano

Aumento em relação a agosto foi de 4,4%, mas a retração de 41,1% no acumulado do ano ainda é impactante

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Aumento na produção de veículosAumento na produção de veículos

De acordo com o balanço mensal da Anfavea divulgado na quarta-feira, 7, os fabricantes de veículos registraram em setembro aumento na produção de veículos de 4,4% em relação a agosto. Foram 220,2 mil unidades montadas, contra 210,9 mil no mês anterior. Apesar do número parecer promissor, já que é a melhor marca do ano, na comparação histórica o nono mês deste ano é o pior setembro desde 2016, de acordo com Luiz Carlos Moraes, presidente da associação.

No acumulado do ano, a queda continua expressiva, de 41,1% na comparação com 2019. Foram produzidos 1,33 milhão de veículos neste ano, contra 2,26 milhões no mesmo período do ano passado, ou seja, uma diferença de mais de 900 mil unidades para menos que não foram recuperadas e correspondem a algo como três meses de produção. O presidente da Anfavea observou que se trata do pior resultado já registrado no período janeiro-setembro desde 2003.

Moraes também ressaltou o fato de que a produção nas montadoras está se adequando às novas demandas. “Os total de licenciamentos, por exemplo, foi de 208 mil unidades em setembro; descontando cerca de 10% referentes a modelos importados e somando os 31 mil exportados, vemos que a indústria está trabalhando no novo ritmo do mercado”, explicou.

Os resultados de vendas em setembro só não foram melhores porque faltaram alguns produtos, que tiveram produção abaixo da demanda. Indagado se essa situação pode se prolongar e prejudicar o desempenho do setor este ano, Moraes respondeu: “Não creio que isso seja um problema crônico, mas passageiro, que deverá ser resolvido nos próximos meses. A indústria está se ajustando ao mercado, ainda tentando fazer uma leitura do que e quanto deve produzir. Se não houver falta de insumos e componentes, como não houve até o momento, essa falta de alguns produtos deverá ser superada em pouco tempo”.

Estoques menores e projeção cautelosa

O ajuste da produção em função da demanda também está se refletindo nos estoques, segundo o presidente da Anfavea. Houve um leve aumento na quantidade de veículos disponíveis nas concessionárias e nas fábricas, passando de 140,2 mil em agosto para 141,7 mil em setembro, mas esses números correspondem ao mesmo número de dias de vendas, 20, ainda abaixo do nível de 30 dias considerado ideial pela indústria.

Moraes explicou ainda que a leve alta registrada no número de empregos no setor (0,2%), que passou de 121,9 mil em agosto para 122,1 mil em setembro, se deveu às contratações promovidas pelas empresas com clientes no agronegócio e também ao acordo na fábrica da Renault, no Paraná, com a readmissão de 747 trabalhadores que haviam sido demitidos em julho. Tudo isso acabou compensando as cerca de 1,2 mil demissões registradas no setor em setembro.

A Anfavea revelou ainda sua nova projeção (a terceira em 2020) da indústria automotiva para este ano. De acordo com ela, o setor deverá registrar queda de 35% na produção, com 1,92 milhão de veículos, contra 2,94 milhões registrados no ano passado. Lembrando que na primeira previsão, em janeiro, a expectativa era crescer 7,3% e chegar a 3,1 milhões de unidades montadas em 2020. Já em julho, quando foi divulgada a segunda previsão, a redução prevista era de 45%, com 1,6 milhão de modelos fabricados.

Questionado se a nova projeção não é muito modesta, já que o setor já está com 1,3 milhão de veículos produzidos, Moraes explicou que a previsão é apenas uma referência. “No fim do ano, o número pode ser um pouco maior ou um pouco menor, mas de qualquer forma, a redução será grande”, declarou.

Além disso, o executivo lembrou que o momento político turbulento, aliado às incertezas representadas pela redução do auxílio emergencial, o aumento do custo dos insumos e da carga tributária e, principalmente, a possibilidade de uma segunda onda de propagação da Covid-19 (como ocorre na Europa) pode modificar todas as projeções. “Estamos otimistas e acreditamos que o governo vai encontrar uma saída com cautela e com cuidado para que a gente possa sair da pandemia com menos sequelas possíveis”, finalizou.