Volta ao trabalho: Mercedes-Benz planeja retomada
Volta ao trabalho – A Mercedes-Benz planeja uma retomar a produção de suas fábricas no Brasil, paradas desde 23 de março, no início de maio, a partir do dia 4. A estratégia para esta reativação é tema de reunião diária da diretoria da companhia, como contou Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz Brasil e da Daimler América Latina, que participou de Live #ABX20 na quinta-feira, 16.
“O cenário ainda é volátil e só vamos voltar a produzir de fato se for seguro para os nossos funcionários, mas entendemos que até esta data o cenário será favorável”, diz o executivo. A retomada vai acontecer de forma gradual, já que além da pandemia de coronavírus, Schiemer entende que os volumes ainda estarão tímidos. “Estamos neste momento negociando isso com o sindicato.”
A maioria dos 10 mil colaboradores da organização está de férias coletivas e o executivo afirma que a companhia provavelmente vai adotar layoff. Há ainda 600 trabalhadores com contratos de trabalho temporários que vencem em meados de maio. Apesar de não dar detalhes, Schiemer apontou que o corte no quadro de funcionários não está entre possibilidades mais próximas:
“Neste momento ninguém está pensando em demissão. Não seria uma medida socialmente aceitável”, diz. |
Ele prossegue: “Agora, se a situação não melhorar, nos próximos meses a demanda continuar muito inferior e não tivermos capital de giro, este momento vai chegar. Será a nossa última opção. Queremos discutir qualquer outra possibilidade para atravessar a crise”, diz.
AINDA É CEDO PARA MEDIR IMPACTO DA PANDEMIA |
Schiemer admite que a crise causada pela covid-19 não foi exatamente uma surpresa, mas teve aceleração mais rápida do que o previsto. Segundo ele, até o começo de março a companhia vinha recebendo uma série de pedidos de caminhões. Ao longo daquele mês, no entanto, houve uma ruptura da demanda.
“As vendas começaram a cair e 50% delas foram perdidas. Isso só vai começar a aparecer nos números de emplacamentos daqui para frente”, conta. Com o agravamento do cenário, Schiemer diz que a decisão de interromper as operações levou menos de uma semana.
“Nunca vivemos algo assim. Ter a fábrica parada afeta toda a cadeia de fornecedores, mas não tínhamos outra opção. Agora estamos tentando juntar os cacos e entender qual será o prejuízo”, diz o executivo. |
Apesar da enorme preocupação com a falta de liquidez e com o caixa da organização, Schiemer entende que os negócios continuarão para alguns segmentos de veículos, já que a demanda por transporte permanece em alguma proporção. “Temos visto movimentação no setor agro e entendo que alguns segmentos que já têm frota mais velha vão continuar renovando”, projeta
INVESTIMENTOS NÃO SÃO PRIORIDADE AGORA |
O último plano de investimentos anunciado pela Mercedes-Benz no Brasil é de 2018, um pacote de R$ 2,4 bilhões. Deste total, R$ 900 milhões ainda seriam aplicados até 2022, plano que Schiemer declarou que será adiado.
“Tudo foi interrompido porque precisamos preservar o nosso caixa. A continuação dos projetos depois da crise vai depender de como será a recuperação do mercado”, conta. |
Segundo ele, é cedo para reavaliar, mas certamente dá para confirmar que os planos sofrerão atraso. “O nosso desejo é realizar tudo, já que são projetos muito bem estruturados”, reforça.
Assista à entrevista completa com Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz Brasil e CEO da Daimler América Latina: