Minério de ferro
REUTERS LC PAL
PEQUIM/CINGAPURA (Reuters) – A demanda da China por pelotas de minério de ferro e minério de alta qualidade deve acelerar em 2020 como resultado de um esforço de Pequim para transferir dezenas de siderúrgicas para regiões costeiras em meio à sua batalha para conter a poluição industrial em suas cidades.
A realocação de plantas na costa, com maiores exigências ambientais, significa que até 20% da demanda anual da China por minério de ferro mudará de gradações mais baixas para mais altas nos próximos anos, segundo fontes da indústria e uma análise da Reuters sobre dados oficiais de importação e produção.
Executivos do setor de aço dizem que a mudança da demanda no principal mercado de minério do mundo significará uma queda nas compras de ofertas de menor gradação e um maior apetite por minério de ferro em pelotas de maior gradação— o que pode ter grandes implicações para exportadores de minério da Austrália.
“Produtores de minério de ferro que podem vender pelotas para a China estarão melhor colocados que aqueles que não possuem tais produtos”, disse o gerente geral da Shangai Metals Market, Ian Roper, acrescentando que grandes mineradoras australianas devem enfrentar os maiores desafios no médio e longo prazo.
A brasileira Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, também é a principal produtora de pelotas. A LKAB, da Suécia, e a Ferrexpo, na Suíça, são a segunda e terceira maior produtoras de pelotas.
A Vale recusou-se a comentar especificamente para a reportagem, mas destacou que em sua conferência de resultados, em 1° de agosto, foi afirmado que sua produção de pelotas em 2019 deve ser de 45 milhões de toneladas, abaixo das 55 milhões de 2018 devido a paralisações em algumas operações. LKAB e Ferrexpo também não comentaram.
Maiores e mais limpas
Ao longo de uma campanha de quatro anos contra a poluição, assim como contra excesso de capacidade na indústria pesada, a China fechou 700 usinas siderúrgicas de pequeno porte com 140 milhões de toneladas em capacidade de aço vistas como abaixo dos padrões, além de 150 milhões de toneladas em capacidade ineficiente em empresas maiores.
Mais de 50 empresas chinesas de aço pediram em 2018 para fechar capacidade antiga e construir novas unidades com uma capacidade anual de 60,29 milhões de toneladas, segundo análise da Reuters sobre dados oficiais da indústria. Quase 25 milhões de toneladas dessa nova capacidade devem entrar em operação em 2020.
Outras 33 empresas construirão 47,03 milhões de toneladas de nova capacidade nos próximos três anos.
Novas plantas
Essas novas plantas, com fornos maiores e mais eficientes, significarão menos emissões, mas exigirão minério de melhor qualidade e pelotas para minimizar a poluição e aumentar a produção, disseram especialistas do setor.
“É muito mais caro consertar grandes fornos do que os menores”, disse um gerente de compras de uma usina de porte médio em Hebei, o centro de aço da China. “Assim, as usinas tendem a alimentá-los com melhores matérias-primas, e a adição de mais pelotas melhorará a permeabilidade de ar nos fornos”.
Pelotas de minério de ferro, normalmente com 64% de teor de ferro ou acima, podem ser colocadas diretamente em altos fornos sem passar por um processo mais sujo conhecido como sinterização, onde minério de baixo teor é misturado com outros produtos para criar um combustível de alto forno.
O analista sênior de minério de ferro da CRU em Londres, Erik Hedborg, espera que a demanda da China por pelotas cresça mais de 40% até 2023, para cerca de 190 milhões de toneladas, de 140 milhões de toneladas em 2018, e continuem crescendo.
A China importou 18,67 milhões de toneladas de pelotas no ano passado, ou 1,8% das importações totais de minério de ferro, com 34% provenientes da Índia, 26% do Canadá e 14% do Brasil, segundo dados da alfândega chinesa.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7519))