100 mil pontos
SÃO PAULO (Reuters) – Uma alta de cerca de 2 por cento separava nesta quinta-feira o Ibovespa do ansiado patamar de 100 mil pontos, que estrategistas esperam ser ultrapassado em 2019 com o avanço na pauta econômica do novo governo, principalmente a reforma da Previdência.
Índice de referência do mercado acionário doméstico, o Ibovespa caía 0,7 por cento às 15:21, a 98.195,65 pontos.
Um dia depois de o principal índice de ações da B3 superar os 99 mil pontos durante o pregão pela primeira vez na história, preocupações contínuas sobre o crescimento econômico global abriam espaço para alguma realização de lucros após dados fracos da China.
Reforma da Previdência
Para os analistas Fernando Bresciani e Pedro Galdi, da corretora Mirae, qualquer novidade positiva sobre a reforma da Previdência gera a possibilidade de o Ibovespa se descolar do mau humor externo e testar os 100 mil pontos, conforme nota a clientes mais cedo.
Tanto o governo como o mercado financeiro consideram que a reforma é crucial para a melhora do quadro fiscal do país e, por consequência, do crescimento econômico brasileiro, que segue mostrando uma arrastada recuperação.
Comissão de Constituição e Justiça
A Câmara dos Deputados instalou na quarta-feira sua Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeiro órgão colegiado que analisará a proposta de mudança nas regras das aposentadorias, o que configura como um evento positivo, mas, de acordo com agentes de mercado, já estava no preço.
A equipe da Gauss Capital afirmou em nota a clientes que, apesar do choque de realidade em fevereiro, com dificuldades na articulação política e na estratégia de comunicação com o público, segue confiante de que a reforma da Previdência será aprovada ainda este ano, mantendo um posicionamento otimista.
120 mil pontos no final de 2019
De acordo com mediana de estimativas compiladas no mercado pela Reuters no final de fevereiro, o Ibovespa deve chegar a 120 mil pontos no final de 2019, uma alta de 21,3 por cento em relação ao fechamento de quarta-feira.
Estrategistas acreditam que o andamento das reformas econômicas no país atrairá investidores estrangeiros, que seguem com posições reduzidas em ações brasileiras, diante de desconfianças sobre a capacidade de implementação das propostas da equipe comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
No começo do mês, o BTG Pactual destacou que a alocação de capital por fundos globais e de mercados emergentes (GEM) tem crescido consistentemente, e destacou que há espaço para mais, assim como a exposição de agentes locais, que cresceu mas permanece distante de níveis do passado recente.
Novas políticas econômicas
“Com as eleições agora no retrovisor e as novas políticas econômicas do presidente tomando forma, esperamos que mais dinheiro seja alocado em ações brasileiras”, afirmaram os estrategistas do BTG Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira em relatório distribuído a clientes.
Dados sobre as negociações de investidores estrangeiros no segmento Bovespa, por sua vez, mostram saída líquida de 1,1 bilhão de reais no ano até 12 de março.
O índice encerrou na quarta-feira a 98.903,88 pontos, recorde para fechamento. Do ponto de vista gráfico, analistas do Itaú BBA afirmaram que, ao superar a máxima histórica de fechamento de 98.600 pontos, o Ibovespa entrou em tendência de alta e abriu espaço para seguir em direção ao objetivo em 105 mil pontos. “O próximo passo do mercado dependerá das ações de maior peso no Ibovespa também superarem suas importantes resistências.”