Marcos Thadeu Lobo
Engenheiro Mecânico Graduado Pela Universidade Estadual De Campinas ( Unicamp ) em 1985. Ingressou na Petrobras Distribuidora S/A em 1986 como profissional de Suporte Técnico em Produtos. E atualmente exerce a função de Consultor Técnico Sênior.
A cor do óleo lubrificante origina-se da luz que é transmitida através dele. Diferentes cores são formadas dependendo da concentração e do tipo de grupos químicos absorventes de luz em suspensão no óleo lubrificante, compostos chamados “cromofóricos” e comumente denominados “corpos de cor”. Pode também ser uma boa indicação da degradação do óleo em uso.
Em relação a óleos lubrificantes novos, quanto maior for a viscosidade, maior será a concentração natural de “corpos de cor” naturalmente existentes na massa líquida. Da mesma forma, óleos básicos naftênicos e de alto teor de enxofre são tipicamente de cor mais escura.
A degradação e contaminação de óleos lubrificantes usados podem ter efeitos marcantes na cor e na transparência. Resíduos de coqueificação e de carbono insolúveis oriundos de falha térmica ( altas temperaturas localizadas ) podem causar sensível escurecimento de óleos lubrificantes.
A mistura de óleos lubrificantes sem a devida precaução pode gerar escurecimento, floculação de aditivos e formação de outros produtos oriundos de incompatibilidade. Contaminantes como a fuligem, produtos químicos, detergentes, ar entranhado etc. podem levar a mudança na coloração e na transparência de óleos lubrificantes. Reações fotocatalíticas ( UV ) decorrentes da exposição à luz solar em visores de nível e copos lubrificadores podem causar descoloração em óleos lubrificantes.
A oxidação é outra causa comum de formação de “corpos de cor” e, consequentemente, escurecimento de óleos lubrificantes em uso. A mudança de coloração é mais sensível em óleos lubrificantes com altas concentrações de enxofre e aromáticos. Existe uma sinergia entre compostos aromáticos e sulfurosos que causam a degradação do óleo lubrificante e levam à formação de “corpos de cor” durante as reações de oxidação térmica.
Em muitos casos, pode-se monitorar a ocorrência de descoloração anormal ( ex. escurecimento incomumente rápido ) de óleos lubrificantes em uso nas inspeções regulares de campo com vistas a ter-se indicações do estressamento das propriedades físico-químicas do óleo lubrificante. Determinado estudo técnico mostrou que óleos lubrificantes que sofreram escurecimento anormal e unusualmente rápido apresentavam, também, alterações de conformidade em determinadas propriedades físico-químicas e que mereciam atenção.
CAUSAS DE ESCURECIMENTO DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
(FORMAÇÃO DE CORPOS DE COR) |
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OXIDAÇÃO | DEGRADAÇÃO TÉRMICA | CONTAMINAÇÃO | |
CAUSAS-RAIZ | FORMAÇÃO DE ÁCIDOS ORIUNDOS DE COMPOSTOS SULFUROSOS | IMPLOSÃO DE BOLHAS DE AR; ALTAS TEMPERATURAS DE SUPERFÍCIES | MISTURA DE ÓLEOS LUBRIFICANTES; CONTAMINAÇÃO POR DETERGENTES CÁUSTICOS; CONTAMINAÇÃO POR PRODUTOS QUÍMICOS |
ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO | FTIR-SULFATAÇÃO; AN, VISCOSIDADE | FTIR-NITRAÇÃO; ULTRA-CENTRIFUGADORA; TESTE DE FILTRAÇÃO EM MEMBRANA | ANÁLISE DE ELEMENTOS; FTIR; VISCOSIDADE |
COMPOSTOS SULFUROSOS NATURALMENTE PRESENTES EM ÓLEOS MINERAIS FORMAM ÁCIDOS FORTES NA PRESENÇA DE CALOR (OXIDAÇÃO) |
ÁCIDOS SULFUROSOS FORTES
(CATALISADORES QUE PROVOCAM REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO E CONDENSAÇÃO) |
COMPOSTOS SULFUROSOS
AROMÁTICOS |
HIDROCARBONETOS
ORIUNDOS DA OXIDAÇÃO |
POLIMERIZAÇÃO + CONDENSAÇÃO |
CORPOS DE COR |
MUDANÇA DE COLORAÇÃO ( ESCURECIMENTO ) |
Há situações, no entanto, em que o escurecimento gradual de óleos lubrificantes não se mostrou causa de real preocupação. Em face do exposto torna-se necessário combinar experiências de uso em campo com rotinas de análises físico-químicas para se determinar correlação precisa entre mudanças de cor e degradação preocupante na condição de uso de óleos lubrificantes.