RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) – A inflação oficial brasileira subiu bem menos do que o esperado em janeiro diante da queda nos preços da energia elétrica e teve o resultado mais baixo para o mês em mais de duas décadas, acedendo o sinal amarelo sobre o fim do ciclo de corte de juros indicado pelo Banco Central.
IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,29% em janeiro depois de ter subido 0,44% em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
A leitura, a mais fraca para janeiro desde a criação do Plano Real em 1994 ficou abaixo até mesmo da menor projeção em pesquisa da Reuters, que apontava avanço de 0,41% em janeiro sobre o mês anterior.
Com isso, o índice passou a acumular em 12 meses alta de 2,86%, sobre 2,95% em dezembro, indo mais abaixo do piso do meta de 4,5% com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O resultado também ficou abaixo da expectativa de avanço de 2,98% no acumulado em 12 meses no levantamento da Reuters.
IBGE
O IBGE apontou que a principal pressão de baixa no resultado do mês foi exercida pela queda de 4,73% nas contas de energia elétrica, devido ao fim da cobrança da bandeira vermelha que vigorou em dezembro. A bandeira verde também já foi estabelecida para fevereiro.
“Com a (manutenção da) bandeira verde em fevereiro, em tese a energia não vai pressionar”, explicou o economista do IBGE Fernando Gonçalves.
Isso levou à deflação de 0,85% do grupo Habitação, depois de queda de 0,40% em dezembro. O outro grupo que registrou queda nos preços foi Vestuário, de 0,98%, ante alta de 0,84% antes.
Energia elétrica
A energia elétrica compensou a inflação de alimentos, que vem ganhando força após meses de queda de preços. Em janeiro, o grupo Alimentação e Bebidas acelerou a alta a 0,74%, sobre 0,54%.
A maior alta de preços foi registrada por Transportes, de 1,10%, ainda que desacelerando sobre 1,23% de dezembro, por conta do aumento de 2,58% dos preços dos combustíveis.
Na noite passada, o BC cortou a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual, a 6,75%, e indicou o fim do afrouxamento monetário já em março devido à recuperação da atividade econômica “consistente”.
Entretanto, alertou que essa visão pode mudar se houver mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos.
“Se o cenário seguir conforme esperado, o BC não vai fazer outro corte. Mas ele não quis trancar a porta porque ainda há indícios de recuperação frágil e a inflação está rodando muito baixa, e pode haver surpresa adicional”, afirmou o economista-sênior do Banco Haitong, Flávio Serrano.