Primeiro trimestre esfria expectativa para caminhões

Para Leoncini, da Mercedes-Benz, prévia pode indicar ano mais difícil que 2016

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Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing, peças e serviços da Mercedes-Benz
Para quem esperava por um ano melhor do mercado de caminhões, 2017 começou decepcionante. Após um primeiro bimestre pífio, com pouco mais de 5 mil unidades emplacadas no País e queda de 33% das vendas, a Mercedes-Benz começa a enxergar a possibilidade de um ano ainda mais difícil do que foi 2016 ao analisar os números preliminares de março, que apontam para o fechamento do primeiro trimestre em nova retração pronunciada.

Não há nada de concreto para sustentar o cenário de recuperação

Para Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing, peças e serviços para caminhões e ônibus da Mercedes-Benz, o que se vê até agora é que, embora todos os indicadores apontem para a retomada da economia este ano, não há nada de concreto para sustentar o cenário de recuperação, nem mesmo o agronegócio, que apesar da safra recorde de mais de 200 milhões de toneladas de grãos prevista para o período, não é capaz de resolver o problema da baixíssima demanda do mercado de veículos comerciais pesados.

Modelos Atego, Axor e Actros

“A única coisa que sabemos é que amanhã teremos uma nova surpresa, e que nem sempre é boa”, lamenta o executivo. Contudo, ele justifica os contínuos investimentos que a montadora realiza no Brasil. O resultado de um deles está sendo lançando este mês, o interior renovado das cabines dos modelos Atego, Axor e Actros. As melhorias e modernização do cockpit foram projetadas pelo centro de desenvolvimento da fabricante junto à fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Leoncini afirma que esta modernização faz parte de uma série de investimentos contínuos que a empresa dedica anualmente para desenvolvimentos na área de produtos, mas que não são divulgáveis.

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Linha de Mercedes-Benz

Mercedes-Benz resultado negativo

“Há dois ou três anos a Mercedes-Benz vem apresentando resultado negativo [no Brasil]: temos uma fábrica com capacidade para montar 80 mil caminhões em um mercado total de 47 mil dividido por 12 montadoras. Temos de fazer a lição de casa, reajustar. Não é fácil convencer o board da matriz a fazer investimentos aqui, mas é um país continental, com uma frota com idade média muito avançada e cerca de 240 mil veículos rodando com mais de 30 anos. Isso revela que é um dos mercados que tem o maior potencial de renovação de frota do mundo”, argumenta.

Atualmente, estão em curso diferentes programas de investimento da Mercedes-Benz no Brasil, com um total de R$ 1,4 bilhão entre 2015 e 2018. Deste total, R$ 500 milhões estão sendo dedicados justamente para a modernização da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), responsável pela produção de caminhões e ônibus da marca, além de agregados, como motores, caixas de câmbio e eixos. Outros R$ 230 milhões são aplicados na planta de Juiz de Fora (MG), onde são montadas as cabines dos caminhões produzidos em São Paulo. Além disso, há ainda R$ 70 milhões para a construção do campo de provas de veículos comerciais em Iracemápolis (SP), que a empresa planeja inaugurar em breve.

Apesar do cenário catastrófico

Apesar do cenário catastrófico para o setor, Leoncini garante que a empresa seguirá com lançamentos previstos para este ano.

“A gente está sempre modificando alguma coisa e teremos mais novidades neste ano. Parte delas estamos antecipando aqui, mas teremos muito mais a apresentar, em produtos e principalmente em serviços, na Fenatran, que este ano vamos participar. Não sei se a condição agora não é pior do que a da última edição [2015], quando decidimos não participar. Pela lógica, então, não deveríamos ir novamente, mas em respeito ao setor de transporte de carga e aos clientes estaremos lá.”