SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil iniciou o ano com o pior desempenho da indústria em sete meses, com deteriorações generalizada das condições em meio a quedas no número de pedidos, no volume de produção e de emprego, mostrou nesta segunda-feira o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).
O PMI da indústria brasileira despencou em janeiro a 44,0, de 45,2 no mês anterior, informou o IHS Markit, destacando uma “deterioração acentuada na saúde do setor”, com perdas tanto na categoria de bens de consumo quanto nas de bens intermediários e de investimento.
Desempenho da Indústria sem perspectivas
“O setor permanece em contração há dois anos, e não há indicação clara de virada iminente. Com as margens apertadas pela receita fraca e fortes aumentos de custos, as empresas não tiveram opção a não ser reduzir de novo o número de funcionários”, destacou a economista do IHS Markit Pollyanna De Lima.
A demanda mais fraca e a persistência da crise econômica levaram o número de pedidos a cair em janeiro no ritmo mais forte desde maio, e com isso a produção recuou pelo 24º mês seguido. Em ambos os casos, as quedas mais acentuadas ocorreram entre os bens de consumo.
Os novos pedidos para exportação também caíram em janeiro, em cada um dos três subsetores, destacadamente entre os produtos de bens de investimento.
Com necessidades menores de produção e buscando reduzir custos, os fabricantes voltaram a cortar empregos no primeiro mês do ano, e os funcionários da categoria de bens de investimento foram os mais afetados.
Indústria aguarda por mudanças
As matérias-primas apresentaram preços mais altos, o que levou a um aumento nos custos médios dos insumos em janeiro para o patamar mais elevado em cinco meses. Consequentemente os preços de venda subiram à taxa mais forte desde junho.
“Embora os recentes cortes da taxa de juros devam sustentar a economia, as decisões futuras de política monetária deverão ser contidas por uma aceleração da pressão inflacionária, com os indicadores de preços do PMI subindo em janeiro”, completou Pollyanna.
Mas apesar do cenário sombrio, os fabricantes permaneceram otimistas em relação às perspectivas de produção, segundo o IHS Markit. Diante de expectativas de mudanças na economia, o grau de otimismo foi em janeiro o mais forte em cinco meses.
Reuters Brasil – Por Camila Moreira