20 Perguntas e Respostas mais Frequentes sobre lubrificantes automotivos – 2ª Parte

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Gaston R. Schweizer

Graduado em Engenharia Industrial, com larga experiência em empresas de lubrificantes e diversos cursos de especialização, desenvolveu uma carreira com mais de 30 anos na Shell, STP e Repsol, tendo atuado como chefe de treinamento, coordenador técnico, responsável pelo atendimento às indústrias montadoras e de autopeças e obtenção de aprovações de produtos.

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  1. Devo adicionar algum aditivo ao óleo para melhorar o desempenho do meu motor?
    R: Não há necessidade de adicionar aditivos complementares ao óleo. Os lubrificantes recomendados e aprovados já possuem todos os aditivos necessários para atenderem perfeitamente ao nível de qualidade exigido.
  2. Posso misturar produtos de marcas diferentes?
    R: A princípio, os óleos automotivos existentes no mercado são compatíveis entre si, não apresentando problemas quanto a misturas, desde que se tome cuidado de misturar produtos de mesmo nível de desempenho e de mesma faixa de viscosidade SAE. No entanto, a melhor alternativa ainda é evitar estas misturas, sempre que possível, de forma a permitir o melhor desempenho do óleo utilizado.
  3. Qual a diferença entre o óleo mineral, semissintético e sintético? Eles podem ser misturados?
    R: O lubrificante é composto por óleos básicos e aditivos. Sua função no motor é lubrificar, evitar o contato entre as superfícies metálicas e refrigerar, independentemente de ser mineral ou sintético. A diferença está no processo de obtenção dos óleos básicos. Os óleos minerais são obtidos da separação de componentes do petróleo, sendo uma mistura de vários compostos. Os óleos sintéticos são obtidos por reação química, havendo assim maior controle em sua fabricação, permitindo a obtenção de vários tipos de cadeia molecular, com diferenças características físico-químicas e por isso são produtos mais puros.

Os óleos semissintéticos ou de base sintética, empregam mistura em proporções variáveis de básicos minerais e sintéticos, buscando reunir as melhores propriedades de cada tipo, associando a otimização de custo, uma vez que as matérias-primas sintéticas possuem custo muito elevado.

Não é recomendado misturar óleos minerais com sintéticos, principalmente de empresas diferentes. Seus óleos básicos apresentam naturezas químicas diferentes e a mistura pode comprometer o desempenho de sua aditivação, podendo gerar depósitos. Além disso, não é economicamente vantajoso, já que o óleo sintético é muito mais caro que o mineral e a mistura dos dois equivale praticamente ao óleo mineral, sendo, portanto, um desperdício.

  • Qual o significado das siglas que vêm nas embalagens de lubrificantes (API, ACEA, JASO, NMMA, etc.)? Qual a relação delas com o desempenho dos produtos?
    R: Estas são siglas de entidades internacionais que são responsáveis pela elaboração de uma série de normas (baseadas em testes específicos) para a classificação dos lubrificantes, de acordo com seu uso. Desta forma, o consumidor tem como identificar se o lubrificante atende às exigências de seu equipamento, consultando seu manual.

Como exemplo, temos:

SAE – Society of Automotive Engineers.
É a classificação mais antiga para lubrificantes automotivos, definindo faixas de viscosidade e não levando em conta os requisitos de desempenho. Apresenta uma classificação para óleos de motor e outra específica para óleos de transmissão. Maiores informações abaixo em “O que significam os números (20W-40, 50, etc.) que aparecem nas embalagens de óleo?”.

API – American Petroleum Institute.
Grupo que elaborou, em conjunto com a ASTM (American Society for Testing and Materials), especificações que definem níveis de desempenho que os óleos lubrificantes devem atender. Essas especificações funcionam como um guia para a escolha por parte do consumidor. Para carros de passeio, por exemplo, temos os níveis API SN, SM, SL, SJ, SH, SG, etc.. O “S” desta sigla significa Service Station, e a outra letra define o desempenho. O primeiro nível foi o API SA, obsoleto há muito tempo, consistindo em um óleo mineral puro, sem qualquer aditivação. Com a evolução dos motores, os óleos sofreram modificações, através da adição de aditivos, para atender às exigências dos fabricantes dos motores no que se refere à proteção contra desgaste e corrosão, redução de emissões e da formação de depósitos, etc.. Atualmente, o nível API SN é o mais avançado. No caso de motores Diesel, a classificação é API CJ-4, CI-4, CG-4, etc. O “C” significa Commercial. A API classifica ainda óleos para motores dois tempos e óleos para transmissão e engrenagens.

ACEA – Association des Constructeurs Européens de l’Automobile (antiga CCMC).
Classificação européia associam alguns testes da classificação API, ensaios de motores europeus (Volkswagen, Peugeot, Mercedes Benz, etc.) e ensaios de laboratório.

JASO – Japanese Automobile Standards Organization.
Entre outras atribuições, define especificação para a classificação de lubrificantes para motores dois tempos (FA, FB e FC, em ordem crescente de desempenho).

NMMA – National Marine Manufacturers Association.
Substituiu o antigo BIA (Boating Industry Association), classificando os óleos lubrificantes que satisfazem suas exigências com a sigla TC-W (Two Cycle Water), aplicável somente a motores de popa a dois tempos. Atualmente encontramos óleos nível TC-W3, pois os níveis anteriores estão em desuso.

  • O que significam os números (20W-40, 50, etc.) que aparecem nas embalagens de óleo?
    R: Estes números que aparecem nas embalagens dos óleos lubrificantes automotivos (30, 40, 20W-40, etc.) correspondem à classificação da SAE (Society of Automotive Engineers), que se baseia na viscosidade dos óleos a 100 oC, apresentando duas escalas: uma de baixa temperatura (de 0W até 25W) e outra de alta temperatura . A letra “W” significa “Winter” (inverno, em inglês) e ela faz parte do primeiro número, como complemento para identificação. Quanto maior o número, maior a viscosidade, para o óleo suportar maiores temperaturas. Graus menores suportam baixas temperaturas sem se solidificar ou prejudicar a bombeabilidade a frio.

Um óleo do tipo monograu só pode ser classificado em um tipo de escala SAE 20W, 30, 40 ou 50. Já um óleo com um índice de viscosidade maior pode ser enquadrado nas duas faixas de temperatura, por apresentar menor variação de viscosidade em virtude da alteração da temperatura. Desta forma, um óleo multigrau SAE 20W-40 se comporta a baixa temperatura como um óleo 20W reduzindo o desgaste na partida do motor ainda frio e em alta temperatura se comporta como um óleo SAE 40, tendo uma ampla faixa de utilização.

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